quinta-feira, 20 de novembro de 2008

GUERRILHA ABERTA AGORA É .COM.BR

Foram exatamente 266 dias para que um projeto de site se transformasse em um site próprio. É nesse clima de crescimento e amadurecimento que o Guerrilha Aberta se despede nesse formato blog e passa agora a ter domínio próprio e um site. Sinal dos novos tempos, mas com velhas fórmulas em que trabalho se faz com muito trabalho, trabalho e trabalho.

Desde 29 de fevereiro até o dia de hoje, 20 de novembro, foram 7 meses de muita ralação, reconhecimentos, aglutinações e pouco dinheiro (nem tudo é um conto de fadas), onde o site publicou em 17 edições, mais de 200 artigos, sendo 24 entrevistas e reuniu uma equipe de aproximadamente 10 colaboradores que foram responsáveis pela produção de mais de 40 artigos, que falavam sobre teatro, comédia, música e tantos outros assuntos, cada um em sua especialidade.

Uma revista que tinha objetivo de ampliar a escuta e saber o que as pessoas querem falar e ao mesmo tempo, o que se quer ouvir, conseguiu alcançar mais de 10.000 visualizações, em todo o Brasil e no mundo. A revista falou um pouco sobre desde a cultura popular, bobagens, palhaçaria, comédia, eventos de rua, circo, cinema até enfim, terminarmos nos palhaços, onde toda essa história começa há três anos atrás.

Agradeço a todos os envolvidos nessa empreitada, que só está apenas começando, mais especialmente aos meus mêssies Márcio Libar, que começou com essa idéia dentro de mim, e ao Leo Carnevale, que verdadeiramente me estimulou em momentos sinistros a conduzir essa tal revista e hoje já estamos longe do fundo do poço, querendo agora alcançar as nuvens e sonhar todos juntos.

Outros dois agradecimentos especiais vão para HOSTNET, empresa de hospedagem, que com menos de 3 meses, apostou no projeto, oferecendo domínio próprio e servidor, só que ainda não tinhamos estrutura (e ainda continuamos sem ter, mas melhor do que antes, com certeza) e ao Bernard de Luna, webdesigner que fez todo o novo site do Guerrilha Aberta que tornou todo esse projeto de site em um site de fato.

Sei que ainda tem muito a amadurecer, mas tudo no seu momento certo. Não há pressa, afinal de contas, quanto mais velho o palhaço, melhor ele é! Nesse momento, a Guerrilha Aberta e a Vinnyl 69 estão tendo que se re-estruturar para atender melhor. Eu agradeço a todos, sem excessão:


MUITO OBRIGADO!

Do seu editor,
Looooongo, palhaço
(Vinicius Longo)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Guerrilha Aberta lança novo site em clima de festa!

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2008. Está entrando no ar, a décima sétima edição da Revista Eletrônica Guerrilha Aberta. Para quem pensou que seria apenas uma brincadeira ou um hobby, ficar fazendo entrevistas e falando sobre eventos culturais no Rio de Janeiro, dedicados a palhaçaria, humor, comédia e cultura popular, até que as coisas estão durando e numa produção constante. E como o tempo livre está cada vez mais valioso e o ofício de escrever caminha para uma profissionalização, que foi iniciada em 2001, quando começava minha faculdade de jornalismo,gostaria de anunciar que um novo site inicia uma nova fase da revista, com direito a festa de lançamento na Lapa e tudo, no dia 20 de novembro a partir das 20 horas, no Espaço Multifoco, que fica na Av. Mem de Sá, 126. Fiquem ligados, pois já está rolando venda de ingressos antecipados com desconto.

Gostaria também de anunciar que a Vinnyl 69 Produções cresceu e agora não é mais uma produtora de um homem só. Gostaria de anunciar que Luanda Morena de Araujo Lima, jovem produtora cultural que está se formando na Estácio de Sá e futuramente planeja terminar o curso de história, onde quer voltar a estudar sobre Jongo, paixão a qual dedica muito amor, está junto conosco e representa mais um novo gás, nessa produtora que inicia jornada mais inflada do que nunca, nesse ano de 2008.

Por último, apenas o pedido de quem puder votar, o site está participando do concurso Peixe Grande, que premia sites de relevância na internet. Uma pena que o prêmio esteja sendo realizado justamente na fase de transição da revista, mas esperemos que ano que vem, possamos participar com mais peso.

Então, vamos que vamos!

Bom, sem mais delongas, essa edição traz duas entrevistas, a primeira com o mágico e palhaço, Maksin, que recentemente conduziu a mediação do evento Amostra Grátis, no mês de setembro e conta um pouco sobre o seu processo de aprendizagem. Na segunda entrevista, fomos direto para o interior do Ceará, mais especificadamente em Carirí, para conversarmos com a banda Dr. Raiz, que nos conta um pouco sobre a sua trajetória e opções musicais, desde 1998, quando a banda começou seus primeiros passos, em um encontro de amigos.

Continuando com nossos colaboradores de plantão, Luiz Manhães: o Dr. Boêmia traz um texto explicando alguns termos relacionadas a malandragem, dentro da história musical e a jornalista Ana Cristina Braga faz um leitura do filme Sex And The City, dentro do universo da moda, revelando você é o que veste.

Começamos então, a AGENDA: Primeiro um apelo a toda classe artística que na próxima quinta-feira, dia 23/10 às 14h, compareçam na lona do Crescer e Viver, na reunião com a Superintendente de Artes EVA DORIS da Secretaria de Estado de Cultura. Será uma ação de artistas circenses sobre a inclusão do Circo, no edital de fomento, lançado pela secretária de cultura do Rio, após 7 anos, sem fomento no estado para as artes.

Seguindo, último domingo do mês é dia de ir ao teatro. por apenas um real. Para quem nunca foi o não tem o hábito, melhor incentivo não existe. Qualquer apresentação cultural nos Teatros Públicos do Rio de Janeiro, no último domingo do mês é apenas um real. Isso mesmo, para quem não sabia, surge ai ótimos programas para o final de semana.

Continuando, na última quinta-feira (30/10), tem o evento Amostra Grátis, que nesse mês traz Chicas e vinicius Castro, além de extensa programação de jovens artistas se apresentando. O evento começa as 17h no SESC Tijuca e é a entrada é franca.

Partindo agora para o mês de novembro, fica as sugestões: Primeiro da oficina de Intervenção cômica, com a Bailarina de Vermelho no SESC Tijuca , todas as quartas de novembro e a oficina de residência do projeto Medea, na região serrana. Para artistas que estão querendo conhecer outros processos artísticos em diferentes lugares do mundo. Pode ser uma ótima oportunidade.

Finalizando enfim, essa edição, na seção download. Quem não conhece, precisa conhecer um jovem músico, de Pernambuco, que começou com a banda Sheik Tosado e agora caminha em carreira solo, com um rock samba, gingado e que recentemente gravou um disco ao vivo, com a banda Mombojó, no Armazém 14, em Recife. Dêem uma conferida no som do China e baixem seus discos gratuitamente através de seu site:


Até a festa, comarades!!!
O último que sair, apague a luz, por favor!
Do seu editor!

Entrevista com o palhaço e mágico, Maksin

Nossa entrevista dessa edição é com Maksin Oliveira, um nome o quanto diferente e pessoalmente, ele não foge a característica do nome. Ele é um desses revolucionários que ainda acreditam que a arte muda o mundo, pois mais que a realidade se apresente difícil, seja fazendo palhaçadas ou mágicas, ele é assim.
Com vocês: Maksin, o palhagico, ou magilhaço!


GA: Como começa essa história de ser palhaço na sua vida? E como nasce o palhaço Tribúrcio?
Maksin Oliveira:
A palhaçaria surgiu na minha vida pra implementar meu trabalho de mágico. Aí conheci o trabalho dos Doutores da Alegria, fui curtindo, me apaixonando e, quando me dei conta, tava doido pra ser palhaço e no caminho para tal. Quando me liguei nisso fui procurar quem entendia do assunto. Comecei estudando com o Flávio Souza e a Ana Achcar na "Enfermaria do Riso", fiz o curso da Paloma Reyes, do Márcio Libar, fui pra rua, fiz alguns dos meus shows de mágico como Tibúrcio... Que, aliás, surgiu no meio dessa bagunça toda e nem sei definir quando. Só sei que ele me dá taaanta liberdade! Me sinto tão à vontade quando estou com meu lado Tibúrcio estampado no nariz!


GA: Você além de ator, é palhaço, mágico e anda de perna de pau. O que me faz lembrar no recente livro, publicado da Erminia Silva, que afirma que até os anos 50 aproximadamente, os artistas eram formados em todas as áreas e eram conhecidos como artistas completos. Só que com o surgimento das faculdades, esses artistas completos foram substituidos por artistas especializados. O que você busca, enquanto artista?

Maksin:
"Artista completo" é uma ótima utopia a se seguir! Isso ajuda a gente a nunca querer parar de estudar, pesquisar, inventar... Sabe que eu nunca tinha pensado nisso?! Se bem que o artista - aquele artista MESMO - este tem uma inquietação que lhe é inerente e, podem reparar, tá sempre pensando algo, fazendo algo, tá sempre com uma idéia na cabeça, não sossega. Mas penso que a arte é algo tão grande. Ora bolas, em qualquer regime de censura os primeiros a serem caçados são os artistas, logo isso significa que a arte tem um poder imenso! Acho que mais do que nos orgulharmos disso, temos que ser conscientes do que fazemos. É pena que entre fazer aquilo em que acreditamos e poder viver disso às vezes haja uma distância grande, mas nós trupica mas num cai!


Acho, sinceramente e mesmo que soe um pensamento demasiadamente romantizado, que quando faço alguém sorrir, gargalhar, sonhar, chorar, pensar, questionar, estou mudando o mundo. E se faço alguém pensar sobre si e sobre a condição em que vive, então também estou fazendo política! E sem pensar em benefícios próprios. Porque se as pessoas forem mais felizes, haverá menos problemas de pessoas fazendo mal a seus pares. E a chance de haver paz, aumenta significativamente. E essa é uma filosofia grande, porém simples, de Dalai Lama, da qual compartilho e acredito! Não que eu tenha a presunção de achar que levo a plena felicidade às pessoas, mas busco trazer momentos felizes... Claro que sem perder a ironia e a acidez, porque senão não serei eu e, citando o Márcio: "Jamais serás quem tu não és!".

E, me repetindo: Penso em mudar o mundo!


GA: Você montou e apresentou um espetáculo sobre a vida do palhaço negro "Benjamim de Oliveira", na Uni-Rio. Como foi a experiência de retratar uma época do surgimento do circo-teatro, no Brasil. Quais personagens você fazia e por quê você foi escolhido para representar esses personagens especificos?
Maksin: Foi o espetáculo que mais me deu prazer em fazer! Benjamin mudou minha vida! Pensar que um sujeito preto, nascido numa fazenda escravorata, com pretenções de ser palhaço teve que fugir da fazenda, depois fugir de alguns ciganos que queriam trocá-lo por um cavalo, depois fugir de um circo onde era espancado, conseguiu ser o maior palhaço do Brasil. Pensar que este mesmo homem foi o responsável pela sobrevivência do circo no Brasil a partir da década de 30 e 40, com a implementação do gênero circo-teatro... é incrível! E pensar que as pessoas mal conhecem Benjamin de Oliveira, é lamentável... Mas, pode-se apenas resmungar ou fazer algo sobre. Eu trabalhei nessa peça e pude atestar tudo aquilo que eu falei antes: a arte muda o mundo!

Sobre os personagens que fiz, foram muitos e por razões diversas. Sempre fui apaixonado por circo e teatro, então sempre chegava no ensaio com idéias para cenas e personagens e, talvez pela polivalência minha e benevolência do grupo, fiz vários personagens. Neles havia mágica, perna-de-pau, palhaço, um português... muitos personagens caricatos. Interpretei até o Oscarito! Que inclusive, estreou no circo com o Benjamin.


GA: Você está atualmente trabalhando em um espetáculo de mágica, onde de palhaço você sonha em ser uma espécie de David Copperfield, da magia, mas sempre se atrapalha e acaba virando alguma espécie de mágico trapalhão. Quais são os seus sonhos? E o que espera para a sua vida nos próximos anos?
Maksin:
Pois é! Como falei, a mágica veio primeiro para mim. Só depois descobri o palhaço e, curiosamente, foi aí que descobri o mágico! hahahaha. Eu admiro muito o Copperfield porque ele foi o primeiro a levar com mais afinco o teatro para dentro da mágica. Podem falar que ele é brega e o caramba, mas ele é muito bom nisso. E como fã, no começo eu queria SER o Copperfield! hahaha Mas não consegui fazer nada sério. Ensaiava até, mas chegava na hora eu via algo na platéia e logo partia pro humor. Até que vi que eu não era o Copperfielde sim, Maksin! E dessa premiça surgiu o espetáculo "A mágica como você nunca viu!", com Marcela Coelho e Wagner Pinheiro!


Estou super-empolgado com este trabalho de mágica, com o espetáculo "Gigantes Pela Própria Natureza", da cia de perna-de-pau. E, por agora e para os próximos anos quero mudar muitos mundos e, assim, ir transformando o meu também!

GA: Para você, o que é ser artista, no Brasil?
Maksin:
Uma honra!

Entrevista com banda Dr. Raiz

Nessa edição do Guerrilha Aberta, trouxemos uma entrevista com uma banda direto de Carirí - Ceará, que começa quando seis amigos (Dudé Casado, Raul Xenofonte, Ramon Saraiva, Evaldo Casado e Linderberg Monteiro) eram amigos do colégio e tinham uma idéia de montar uma banda que representasse um som alternativo, fazendo covers de bandas como Chico Science, Raimundos, Cazuza e Titãs. Isso era apenas em 1998. Agora, a banda com mais experiência, composições próprias e um disco lançado, misturando músicas nordestinas com rock n´Roll.
Com vocês, a Banda Dr. Raiz!


Guerilha Aberta: Vocês são do Cariri, Ceará. Por ai, há uma produção intensa de cultura. Como a própria região absorve essa rica produção cultural?
Dr. Raiz: Realmente aqui se tem uma enorme vivência cultural, mas fica somente nisso. São poucos que dão uma devida atenção aos grupos de cultura popular, falamos em entidade e empresas, haja a vista a diversidade que temos por aqui, desde grupos de reisados à bandas cabaçais, passando por grupos musicais e até de teatro.
O evento que nos vem a lembrança no tocante à cultura popular, realizar-se no mês de novembro denominado "Mostra Sesc de arte e cultura", evento este como se percebe é realizaddo pelo Sesc-CE.


GA: O som de vocês mistura regionalismo como dos reisados, das bandas cabaçais, do forró pé-de-serra, o maracatu, o coco, a embolada, a cantoria com rock n´roll. Como começou essa mistura e vocês teriam algum artista que inspirou e/ou ainda inspira essa idéia?
Dr. Raiz: Sim, logo no começo da banda o que nos inspirou foi o Movimento Mangue-Beat de Recife-PE. Grupos como o Mestre Ambrósio e Chico Science e Nação Zumbi faziam nossa cabeça, mas vimos pouco depois que esse movimento exercitava a diversidade e a partir daí começamos a procurar nossa própria identidade através do que temos por cá, como por exemplo os grupos de reisado, cabaçal, cantoria, benditos etc.


GA: Em suas apresentações, vocês realizam performances de teatro e dança, com figurinos característicos. Qual o objetivo dessa teatralidade musical, que está se tornando cada vez uma marca entre os grupos do nordeste do Brasil?
Dr. Raiz: Isso foi uma característica marcante do grupo e que ficou no nosso primeiro trabalho. Hoje temos novas idéias, uma outra perspectiva.
Essa teatralidade em que se ver nas bandas nordestinas é devido aos grupos de cultura popular nordestinos, fonte de inspiração direta destas. Quando você assisti a uma apresentação de um grupo de reisado, você nota que aquilo não passa de um teatro, onde seus componentes interpretam vários tipos de personagens.
Quando partimos pras bandas cabaçais vemos vários passos de danças característicos desses grupos. Isso, entre outras, se olharmos aqui pro Cariri-CE, olhando para o restante do Nordeste temos muito mais, como por exemplo, o Cavalo Marinho, Maracatu rural etc (em Pernambuco), o Reisado de Alagoas com mais de 100 personagens numa apresentação por noite, o Maracatu cearense em Fortaleza etc.


GA: Qual a principal dificuldade de ser músico brasileiro? E qual o principal prazer, digo, o que move vocês a continuar com toda força com o oficio de ser artista musical, no Brasil?
Dr. Raiz: Sem dúvida a falta de apoio é a maior delas, seja ela na iniciativa privada ou pública, bem como por parte da imprensa onde dificilmente se abre espaço para artistas e bandas alternativos. Falta muito mais apoio por parte de todos.
Achamos que essa coisa de ser artista está dentro de você mesmo, vem do berço, uma vocação. Para poder lutar contra essa falta de apoio e o grande preconceito que gira em torno do artista, de um modo geral, é realmente pra quem gosta.


GA: Finalizando, para vocês, o que é ser artista no Brasil?
Dr. Raiz:
É isso tudo que falamos, uma mistura de satisfação em está fazendo o que sabe e gosta, de ser admirado, de ser criticado e até marginalizado. Como diz Lenine em uma de suas músicas: "É coisa de poeta (artista de modo geral) navegar na contra-mão".

Dr. Boêmia: Boemia e malandragem na música brasileira

Boemia e malandragem na música brasileira _________________________________________

Luiz Manhães
"Se a situação tá ruim pra malandro,
Imagina pra otário"
(fala MANGUEIRA!!!)

Os fios e nós que entrelaçam malandragem e música popular brasileira, especialmente o samba, até no momento da formação e cristalização dessa maneira de ser, criação e resistência artística das classes subalternas no Brasil, são destacados por vários pesquisadores. O tema da malandragem se desenvolve mais intensamente na música popular brasileira nas décadas de 20,30 e 40 do século XX. O brigão, que não se esquivava de uma briga; o homem mulherengo, de chapéu panamá, de sapato cara-de-gato; aquele outro, navalhista, de lenço no pescoço e bom na capoeira; eis aí o malandro...

Claudia Matos, em seu livro "Acertei no milhar", afirma que o malandro é um ser da fronteira, da margem, e completa:

"Seus domínios geográficos não são nem o morro nem os bairros de classe média, mas os lugares de passagem como a Lapa e o Estácio. Ele não se pode classificar nem como operário bem comportado nem como criminoso comum: não é honesto mas também não é ladrão, é malandro. Sua mobilidade é permanente, dela depende para escapar, ainda que passageiramente,às pressões do sistema."

Ao voltar da Europa em 1933, Oswald de Andrade teve fina perspicácia ao afirmar que, no Brasil, o contrário do burguês não era o proletário, mas o boêmio. Ironia à parte, ele captou um aspecto essencial da ideologia da cultura brasileira por ocasião do desenvolvimento da industrialização sob hegemonia dos setores agrários exportadores: assim como no século XIX não havia lugar para o exercício de direitos, tecendo-se a vida cotidiana principalmente com a categoria do favor, no começo do século XX não havia ainda espaço, salvo entre os militantes anarquistas, para a idéia de conflito entre capital e trabalho.

O fascínio pela malandragem na nossa música popular surge numa fase em que o conflito entre capital e trabalho ainda não recobria todo o espaço social no Brasil, havendo, portanto, uma brecha a ser ocupada pela metáfora da malandragem. A ideologia do culto ao trabalho vai, a partir de 1937, com o governo ditatorial de Getúlio Vargas, substituindo o legendário e prestigiado malandro dos anos anteriores pelo ambíguo "malandro regenerado". Alberto Moby, em seu livro "Sinal Fechado", nos conta que o samba "O bonde de São Januário", de Wilson Batista e Ataulfo Alves, e grande sucesso do carnaval de 1941, tinha a seguinte letra:

Quem trabalha não tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar

O Bonde São Januário
Leva mais um sócio otário

Só eu que não vou trabalhar.


Moby nos explica que, "a pedido do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda, criado em 1939) a expressão sócio otário foi substituída por operário e só eu que não vou... por sou eu quem vou.... Quem trabalha passa a ser quem tem razão e a composição, de elogio à malandragem, passa a constituir-se no seu reverso, o elogio do trabalho".

O BONDE DE SÃO JANUÁRIO
(Wilson Batista/Ataulfo Alves)

Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar:

O bonde São Januário

Leva mais um operário

Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo
Mas hoje eu penso melhor no futuro
Graças a Deus sou feliz

Vivo muito bem

A boemia não dá camisa

A ninguém. Passe bem!


Wilson Batista nasceu em Campos (RJ), em 1913, e ainda menino participou da Lira de Apolo, banda organizada por seu tio, o maestro Ovídio Batista. Em sua cidade natal também fez parte do Bando Corbeille de Flores, para o qual fez suas primeiras músicas, antes de vir para o Rio de Janeiro, aos 14 anos, empregando-se como acendedor de lampiões a gás da Light, e depois alternando a vadiagem e a venda de sambas com os mais diversos trabalhos, tendo sido preso várias vezes. Fazia sambas "de minuto" nas mesas de botequim. Moreira da Silva, o rei do samba de breque, em entrevista à autora de "Acertei no Milhar" confirma a produção do grande sambista em plena boemía: Wilson Batista era capaz de "tirar" um samba em mesa de botequim e em seguida presentear alguém que por ele se entusiasmasse. Sua visão feminina inserida no universo malandro é o da mulher malandra, que abandona o lar em busca de orgia, enquanto o malandro, regenerado pelo amor, se vê traído e transformado em otário.

OH! SEU OSCAR
(Ataulfo Alves/Wilson Batista)

Cheguei cansado do trabalho
Logo a vizinha me chamou:
Oh! Seu Oscar

Tá fazendo meia hora

Que a sua mulher foi embora
E um bilhete deixou

Meu Deus, que horror

O bilhete assim dizia:

Não posso mais, eu quero é viver na orgia!

Fiz tudo para ver seu bem-estar

Até no cais do porto eu fui parar

Martirizando o meu corpo noite e dia
Mas tudo em vão: ela é da orgia...É parei !


Alguns sambas se referem às "mulheres da orgia", levando vida desregrada, transitando na rua sem pouso fixo. Na letra desta música aparece o real significado (na visão malandra do mundo) do trabalho braçal, de muito cansaço e muita frustração. Trabalho e casamento não trazem felicidade, e por isso seu Oscar percebe que seu esforço foi inútil, pois de tanto trabalhar acabou perdendo a mulher. Daí o breque final: "é...parei". A mulher da boemia gosta de vadiar e recusa o papel que lhe procura impor a ordem social, de esposa e mãe, despreza as comodidades da vida doméstica, abandona o lar e se integra à festa coletiva.

VAI VADIAR
(Monarco/Alcino Correa)

Eu quis te dar um grande amor
Mas você não se acostumou
À vida de um lar
O que você quer é vadiar
Vai vadiar(...)

Agora, não precisa se preocupar

Se passares da hora

Eu não vou mais te buscar

Não vou mais pedir
Nem tampouco implorar

Você tem a mania de ir pra orgia

Só quer vadiar

Você vai pra folia, se entrar numa fria

Não vem me culpar (vai vadiar)

Quem gosta da orgia

Da noite pro dia não pode mudar

Vive outra fantasia

Não vai se acostumar

Eu errei, quando tentei te dar um lar
Você gosta do sereno

E meu mudo é pequeno

Pra lhe segurar
Vai procurar alegria

Fazer moradia da luz do luar (vai vadiar)

Vai vadiar...


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Quem é Luiz Carlos Manhães?


Professor universitário da UFF, Luiz Carlos Manhães realiza um curso regular: "redes educativas na boemia musical". Sugerindo o nome da coluna como: "boemia musical" ou "Os Boêmios", em homenagem a Anacleto de Medeiros, autor da música gravada pelo Cordão do Boitatá. Entretanto, a coluna ficou como Dr. Boêmia em homenagem ao doutor especializado em boêmia. Viva!

Você veste o que você é: Glamour na cidade

Glamour na cidade _______________________________________

Ana Cristina Braga
Do lado chique da cidade onde o clássico se destaca por ser o simples e o exibicionismo é a regra, sobressaem peças glamorosas da moda. Como podemos destacar no trailler “Sex And The City – O Filme”, estreado no Brasil, em julho deste ano, onde já na seqüência inicial o vestido que Sarah Jessica Parker, ou melhor Carrey, usa dá mostras do que será o figurino deste luxuoso, sexy e charmoso filme.

A tendência é o cetim que vem para se destacar nas festas em cores fortes mostrando um look mais elegante. Ele será estrela da noite, pode ser combinado com peças neutras ou com tecidos leves. Para guardar o batom as bolsas big tie (tipo carteira) vão acompanhá-la nas festas.

O visual mostra a ousadia da mulher que quer chegar e ser percebida, como são as mulheres deste filme ambientado em Nova Iorque, Estados Unidos. Mas nada que as mulheres brasileiras não possam seguir, já que para quem está nos grandes centros urbanos as festas são constantes e é preciso ter uma saída fashion sempre a mão para o compromisso de última hora. (foto 8 e 9)

Sarah vive a personagem Carrey. Tudo é glamoroso e extravagante na protagonista, ela abusa dos detalhes para dar um ar sofisticado que atrai olhares tanto dos homens e quanto das mulheres.

Outra estrela é a transparência, que dá um visual feminino e pode ser combinada com calça de alfaiataria ou saia translúcida, top simples e sapatilha delicada. O babado também vai estar em alta na próxima estação dando um ar romântico a primavera.

Kim Cattrall é a assanhada e sexy Samantha que adora cores fortes, roupas justas, com fendas ou decotes para mostrar as curvas. Não abuse de todos estes elementos ao mesmo tempo para não ficar over (demais). Não é pecado escolher a sua curva mais sexy e deixá-la a mostra. Capriche no look, preferencialmente quando for sair com o gato, uma noite à dois, romântica ou de conquista à vista. Vale também para a noitada de paquera para fisgar aquele monumento.

Kristin Davis é Charlotte, casada, sensual e emotiva. Seu estilo é mais Garden Party, cores suaves, tons pastéis, florais, saias e sandálias. Mas não se iludam com esta simplicidade aparente, se o assunto for festa, aí a composição é outra. Enquanto isto aproveite bem as pinceladas da aquarela e do impressionismo pois as estampas vêem como se fossem quadros de Claude Monet.

Cynthia Nixon é Miranda, típica mulher casada com filho sem muito tempo para cuidar de si. Também adora cores em tons pastéis, vestidos sóbrios, mas sabe lançar mão das estampas fortes e cores vibrantes para compor um look bem Sex And The City. Os vestidos luxuosos em cores eletrizantes e tecidos fluidos como o chiffon vão dar um ar mais cool contrapondo com os acessórios pesados e rasteirinhas de cristal.

Mas não só de extravagância que vive Carrey, para as massas frias que vem do sul mudando o tempo de repente e trazendo chuvas para o Rio e São Paulo nada como um visual elegante e sofisticado do clássico casaco.

E como moda é dos pés à cabeça, aproveite e conheça a fragrância apresentada por Sarah Jessica Parker “Lovely”. Vale até me enviar comentários sobre a minha dica.

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Quem é Ana Cristina Braga?

Ana Cristina Braga é Jornalista (MTB 28994/RJ) e uma mulher dedicada ao seu trabalho e família. Sempre ligada com projetos que envolvam juventude e crianças, ela escreverá sobre moda e comportamento em sua coluna: "Você veste o que você é"

Circenses reinvendicam acesso a fomento no estado do Rio

Na próxima quinta-feira, dia 23 de novembro, partir das 14 horas, circenses e toda classe artística estarão reunidos na lona do Crescer e Viver (Rua Benedito Hipólito s/n – em frente a estação do metrô na Praça Onze) em reunião com a Superintendente de Artes da Secretaria de Estado de Cultura Eva Doris, e espera-se também a presença da própria Secretária Adriana Rattes. No encontro serão discutidos alguns pontos, mas principalmente porquê o circo ficou de fora, do programa de fomento à cultura do Estado do Rio de Janeiro, que foi lançado no dia 14 de novembro.

O programa prevê um investimento de R$ 7,6 milhões para o setor, em 10 diferentes segmentos da produção artística e não contempla o circo. Organizações, grupos, articulações, companhias, artistas, produtores, pesquisadores e intelectuais que atuam nos mais variados elos da cadeia produtiva circense (formação, produção, difusão, fruição e pesquisa) no Estado do Rio de Janeiro se articularam e formularam uma carta “fazedores circenses”, conjunta reivindicando à Secretaria de Estado de Cultura que efetue mudanças no programa de fomento visando incluir o circo.

Segundo o site do Crescer e Viver: "Entre outros pontos a carta, que embora elogie a iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura, questiona a falta de sinergia do programa de fomento do Estado do Rio de Janeiro, com os investimentos que o Ministério da Cultura, a Funarte e empresas estatais como a Petrobras vêm fazendo para a valorização da produção circense brasileira, além de abordar experiências de investimentos públicos no circo realizadas pelos estado de São Paulo e Pernambuco".

Último domingo é dia de ir ao teatro por um real

Para quem ainda não sabe, todo último domingo do mês, os teatros municipais tem o ingresso pelo preço de um real. Quem ainda não sabe o que vai fazer, no próximo dia 26 de outubro, pode dar uma pesquisada no MAPA CULTURAL, o serviço on-line da programação dos teatros da rede pública do Rio de Janeiro e conferir a programação do mês, nos teatros.

A sugestão fica para a programação do Teatro Ziembiski, na Tijuca, onde às 11 horas, tem o espetáculo: Coração de Gigante, onde um casal de gigantes, com mais de 3 mestros de altura vivem todo o lirismo do amor a da natureza. Á tarde, às 17 horas, tem o espetáculo: Maria Eugênia, onde uma dupla de palhaços vagabundos retrata o dia-a-dia da vida na rua com bom humor e às 20 horas, o espetáculo Calabouço, com direção de Fabio Borchat. Três espetáculos, pelo preço da metade da meia de apenas um. É uma oportunidade imperdível de ir ao teatro, mas fica a dica, a bilheteria sempre abre mais cedo do espetáculo e é bom chegar cedo para garantir o seu ingresso.

O Teatro Ziembiski fica na Av. Heitor Beltrão, s/n (em frente a estação de São Francisco Xavier). Bom teatro a todos!

Amostra Grátis traz Chicas e Vinicius Castro em outubro de graça

Na última quinta-feira de outubro, dia 30 é dia de Amostra Grátis, o evento com entrada franca, realizado há meia decáda no SESC Tijuca, reunindo jovens artistas de diferentes lugares e linguagens artísticas. Nessa ante-penúltima edição do ano, o Amostra Grátis irá trazer o grupo vocal feminino Chicas e o cantor e compositor Vinicius Castro que irão fechar a noite cheia de atrações especiais. O evento começa a partir das 17 horas e vai até às 23 horas, no SESC Tijuca, que fica na Rua Barão de Mesquita, 539.

Entre as atrações
musicais estão as bandas: Ventura, Séthica e EM MENTE e as companhias de dança: Companhia de Aruanda, Núcleo de Pesquisa MobCatena e Grupo Gaúcho na dança e mandando nas pick-ups, o DJ Fernando Dias, fazendo o som nos intervalos dos filmes, com os curtas de Antonio Machado, Marina Pachecco e Gustavo Corrêa no Plano Geral.

Já na área da poesia estarão presentes Sandro Gomes, com suas poesias sobre a Tijuca e Sydney, O Poeta da Areia acompanhados da esquete “Quatro Histórias e um Único Fim”, de Dudu Fadel, Rosa Félix, Marcus Liberatto e Mayara Milane. Costurando todas as atrações, o palhaço Migué Brugelo Dito e Feito estará realizando a mediação de palco.

Finalizando, no
campo da moda, Menina Chora estará mostrando suas camisas estampadas e outras apetrechos e nas artes plásticas: Rita de Cássia e Camila Radharany estarão expondo suas artes e Ana Muniz estará realizando sua intervenção/Performance SangueSeiva.

E quem pensa que fazer cultura não dá fome, está enganado, pois além de todas essas atrações, o Centro de Tradições Gaúchas estará servindo muito chimarrão, churrasco e arroz carreteiro. É mole, ou quer mais?

SERVIÇO:
AMOSTRA GRÁTIS COM CHICAS E VINICIUS CASTRO
Local: SESC Tijuca - R.Barão de Mesquita, 539
DATA: 30 de novembro de 2008 às 17 hs
CONTATOS: Tels: 3238-2168/3238-2076
E-mails: tijuca.geringonca@sescrio.org.br
tijuca.jovem@sescrio.org.br
ENTRADA FRANCA

Bailarina de Vermelho realiza oficina gratuita de intervenções cômicas no SESC Tijuca

Durante todas quarta-feiras do mês de novembro, o SESC Tijuca irá sediar a oficina “Interferências e irreverências”, com Alessandra Colasanti, que através de sua personagem A Bailarina de Vermelho, busca a investigação do conceito de intervenção como prática e experiência estética relacionadas ao gênero cômico. A oficina é gratuita.

Entre os tópicos a serem trabalhados na oficina estão:
- Reflexão sobre o conceito de intervenção, e intervenção urbana;
- Situar histórica e conceitualmente as diferenças entre performance, happening e intervenção urbana;
- Apresentação de imagens, fotos e vídeos do trabalho da própria artista, e de outros artistas;

- Trabalho autoral em teatro. O que é ser autoral hoje?;

- Teatro e outros suportes, cruzamento de linguagens, autoria e cruzamento de linguagens. Internet e mídia digital;
- Humor, conceito de humor como interferência na ordem comum do discurso, pensar a prática de humor hoje, humor e artes plásticas depois de Duchamp. Arte conceitual. Humor como instrumento crítico. Humor como aberração. Estímulos. Estímulos inusitados;
- Arte contemporânea, arte não institucionalizada, suportes alternativos, arte efêmera, intervenção, espaço público X espaços decodificados. Capacidade poética de interferir no ritmo do dia a dia anonimamente.Transformação anônima do espaço público;

- Conduzir os alunos em práticas de intervenção no espaço arquitetônico do SESC e adjacências a partir de pequenas ações líricas e cômicas.


Oficina “Interferências e irreverências”, com Alessandra Colasanti
Quando: Todas as quartas de novembro (dias 5, 12, 19 e 26), das 18 às 21h
Onde: SESC Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539)
Inscrições: 3238-2168 / 3238-2076
tijuca.geringonca@sescrio.org.br / patriciaoliveira@sescrio.org.br
Entrada Franca

Projeto Hotel Medea volta ao Brasil com oficina residência, em novembro

Durante o mês de novembro, o projeto HOTEL MEDEA, da meia-noite ao amanhecer, realizado pela Cia londrina Zecora Ura em colaboração da Cia Para-Active, volta ao Brasil, para realizar sua última fase de ensaios e oficinas antes de sua estréia mundial em Londres dia 22 de Janeiro e no Festival de Edimburgo em Agosto de 2009. A oficina residência é uma ótima oportunidades para atores interessados ficarem uma semana envolvidos com projetos pessoais e com a oportunidade de ter a colaboração dos diretores das duas Cias. que estarão aqui no Brasil.

O projeto Medea mistura o mito grego com os ritos do bumba-boi do Maranhão e é fruto da colaboração das companhias Londrinas Zecora Ura e Para-Active com artistas e companhias de peso no Brasil como Urias de Oliveira em São Luiz e DJ Dolores em Recife. As companhias britânicas que já trouxeram ao Brasil The Drift Project e as oficinas de treinamento noturno de Hotel Medea, estarão promovendo encontros, oficina e um intensivo de treinamento corporal e vocal na região serrana do Rio de Janeiro.

Nos últimos dois anos, mais de 20 artistas das mais diversas nacionalidades foram convidados a participar do projeto Hotel Medea durante nossas residências na Inglaterra, Alemanha, Kosovo, Noruega, Austrália, França, Espanha, Itália, incluindo 10 brasileiros. Os participantes do intensivo também poderão vir a ser convidados a integrar a companhia de Hotel Medea para sua agenda de treinamento e turnê internacional a partir de Janeiro de 2009.


AGENDA:

24 a 30 de Novembro - Reserva Gargarullo, RJ
*Intensivo Residência para artistas na Reserva Gargarullo (Miguel Pereira, Região Serrana do RJ)

21 de Novembro - sede do Grupo XIX, SP
*Oficina para artistas na sede do Grupo XIX (São Paulo capital) das 10h às 16h
*Encontro informal com os diretores de Hotel Medea sobre o processo de criação - parte do MOBILEFEST 2008 às 21h
(a entrada para esse evento é franca, mas é necessário reservar com antecedência)

17 de Novembro - Museu da Imagem e do Som, SP
*Palestra sobre o papel da tecnologia móvel no processo de criação de Hotel Medea - parte MOBILEFEST 2008
(a entrada para esse evento é franca, mas é necessário reservar com antecedência - horário a ser confirmado)


INTENSIVO DE TREINAMENTO VOCAL E CORPORAL PARA O PERFORMER

Nas sessões de trabalho iremos focar um entendimento mais sólido do potencial corporal do artista no trabalho físico com a voz, escuta, movimento e ritmo. Estas sessões têm como objetivo remover inibições e inspirar o forte sentido de disciplina mental e corporal, possibilitando que o performer assuma maiores riscos artísticos e se comprometa com a responsabilidade de seu próprio trabalho.

Ministrantes
Persis-Jade Maravala, Urias de Oliveira e Jorge Lopes Ramos | Diretores das companhias Londrinas Para-Active e Zecora Ura, e Tapete Criações Cênicas (Maranhão)

Público alvo
Atores, dançarinos, performers, profissionais e estudantes de outras áreas do conhecimento interessados em um trabalho intenso de resgate e ampliação de seu potencial expressivo.

Número máximo de participantes: 24 - as sessões serão ministradas em inglês e português.

Carga horária mínima: 28 horas. A agenda diária do intensivo é alterada para servir as necessidades do grupo de participantes, podendo incluir sessões de trabalho noturnas, mas terá sempre um mínimo de 4h de treinamento intensivo por dia.

Local
A Reserva Gargarullo mede cerca de 37 alqueires e está localizado 'a margem da Reserva Biológica do Tinguá no município de Miguel Pereira (cerca de 150 km do centro do Rio de Janeiro). Numa região de mananciais e mata atlântica. Ar puro, água de fonte, piscina, cachoeira na mata. Os trabalhos são realizados em uma Kalari (inspirada pelo modelo indiano) e na paisagem.

Hospedagem
A hospedagem, bem como a alimentação durante o intensivo, esta incluída no investimento total. Os participantes serão hospedados em varias casas construídas recentemente que acomodam de 4 a 12 pessoas cada.

Inscrições
Envie um e-mail com Carta de Intenção e Currículo Vitae para hotelmedea@gmail.com
1) Carta de intenção: resuma quais são os motivos e objetivos que levam você a querer participar da oficina?
2) Currículo e dados pessoais (nome completo, e-mail, telefone, data de nascimento, profissão, endereço completo)

Carta de intenção e currículo servem para se conhecer melhor o participante e averiguar a compatibilidade entre seus interesses e os objetivos da oficina. Não havendo incompatibilidades as matrículas serão efetivadas por ordem de chegada do pagamento do valor da reserva/deposito.

Valores e prazos
OFICINA
Investimento para oficina dia 21 de Novembro: R$150 (10% de desconto para pagamentos efetuados integralmente até o dia 01/11/08)


RESIDÊNCIA
Investimento para residência: R$ 750 (incluindo alimentação, alojamento e transporte de ida-e-volta para o centro de Miguel Pereira - RJ). Pagamento com desconto para participantes de nacionalidade Brasileira (10% de desconto para pagamentos efetuados integralmente até o dia 01/11/08)

Atenção: A confirmação de sua vaga será mediante pagamento integral do depósito de R$350. Os participantes deverão quitar pagamentos pendentes antes do início do intensivo. Em função do restrito número de vagas, cheques já depositados não serão re-embolsados em caso de inesperadas desistências, independentemente do motivo.

O pagamento inclui: a oficina, certificado, hospedagem e alimentação, serviços de cozinheira e faxineira, e transporte de ida-e-volta ao centro de Miguel Pereira - RJ.

Sugestões
1) Leve um caderno para anotações ou diário de bordo.
2) Traga elementos que gostaria de utilizar em sua pesquisa individual em horas vagas (música, figurino, texto, objetos etc.)
3) Traga roupas para exercícios físicos, biquini, maiô ou calção de banho, sapatos apropriados para caminhadas, repelente de insetos, previna-se contra a chuva e ondas de frio mais intensa.
4) Traga sua propria toalha de banho
5) Prepare-se para tirar férias de sua rotina cotidiana.

Ministrantes
Persis-Jade Maravala (diretora da PARA-ACTIVE Theatre) propõe a exploração vocal e psicofísica do ritmo e forma da Vida em Pulso: a dinâmica que é representada pela ação do performer. Persis-Jade e' considerada representante oficial do legado de Jerzy Grotowski pelo British Grotowski Project.
O treinamento desenvolvido por Persis-Jade segue a tradição de Jerzy Grotowski e a técnica vocal a partir da Roy Hart Theatre.

Urias utiliza personagens componentes de algumas danças populares do Maranhão (bumba-meu-boi, coco,etc) para dispertar o corpo-brincante. Trabalha o potencial físico e energético,o que torna o corpo energizado, expressivo, facilitando o ato de criação. Trabalharemos os elementos cênicos de cada sotaque do bumba-meu-boi, sua formação espacial, movimentação e vestimenta influenciada por etnias predominantes.

Jorge Lopes Ramos (diretor da ZECORA URA Theatre) aplicará os elementos de sua pesquisa O Corpo como Canal, resultado da investigação com os mestres da dança Butô Japonesa Tadashi Endo, Katsura Kan, Ko Morubushi e Atsushi Takenouchi e da Capoeira de Angola, com o mestre Marcelo Angola da Ilha de itaparica - BA, que busca no corpo a potencialidade máxima de expressividade e sugestividade.

Download: China + Mombojó ao vivo no armazém 14

Nesta edição da seção Download. Para quem ainda não sabe, a banda Mombojó e o jovem músico China se juntaram em um show, no último dia 23 de agosto, no Armazém 14, em Recife. O fruto desse show foi compilado e está sendo distribuido de graça pela internet, pelos próprios integrantes dos dois grupos musicais. O show tem até capa do CD e tem 10 músicas.

Aproveite e deixe um comentário sobre o que você achou do CD!

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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Guerrilha Aberta diz: "A moda está fora de moda!"

Dia 30 de setembro de 2008, está no ar a mais nova edição da Guerrilha Aberta, a décima sexta edição da revista eletrônica que aos poucos vai ganhando mais fãs e vai consequentemente vai estreitando relações com o seu público, que continua de certa forma uma dúvida, mais se alastra cada vez mais a todo o Brasil. Parafraseando Ronnie Von, quando lhe perguntaram sobre o que ele achava sobre a moda, ele responde: "A moda? A moda está fora de moda!".

E assim começando definitvamente mais uma edição no ar, com a entrevista com o palhaço Protocolo e com uma estréia da Coluna: "Você é o que você veste", com a jornalista Ana Cristina Braga, que vai escrever sobre moda e comportamente. Nessa primeira coluna traz um pequeno ensaio de moda, comparando ao filme: "Ritmo dos Sonhos". Gostaria que todos a recebessem bem, pois ela veio para somar com a idéia da revista.

Ainda em clima de estréia. A Guerrilha Aberta resolveu abrir um espaço definitivo para novos literários e não literários exporem seus trabalhos autoriais relacionadas a literatura (Prosa e Verso). Para quem sabe, não dê uma vontade de participar. Estreando temos o texto: "
I Panemabatida - cabocami(H)napraia", do jornalista Rod Brito. Vale ressaltar que a coluna ainda não tem nome, então por isso estou aceitando sugestões para o nome da nova coluna que trará sempre novos textos de autores, assim como novos textos. Mandem bala!

Ainda com nossos colunistas, na coluna Galhofa, Leo Carnevale traz o sexto episódio da novela Sorrub e Oileruá e o nosso Dr. Boêmia traz uma linda história sobre Nelson Cavaquinho. Marlene Querubim, em sua coluna Circo Poesia, por sua vez, traz um breve relato sobre o retorno do seu filho: Peterson Luiz Jardim, o palhaço "Pepe", que retornou de viagem de trabalho ao seu circo em São Paulo.

Começando por fim, nossa AGENDA, para a primeira quinzena de outubro. Trazemos novidades na área da Tijuca, como o espetáculo infantil "Maria Eugênia", da Cia do Gesto que estará todo sábado e domingo, no Teatro Ziembiski. Agora, se você gosta de curtir um espetáculo no meio de semana, pode conferir o trabalho da Cia A TROUPP PAS D’ARGENT, que está com o espetáculo "Cidade das Donzelas", no Espaço Cultural Marista.

E para quem busca formação, não pode perder a oportunidade da oficina de rádio lugar com Romano que será realizada no SESC Tijuca, toda quinta-feira de 18 às 21h, com entrada franca e se você tem algum trabalho artístico próprio que queira divulgar, aparecer ou testar com o público, compareça até o Redemoinho Artístico também no SESC Tijuca, toda sexta-feira de 17 às 20 horas e mostre seu trabalho para participar do evento mensal AMOSTRA GRÁTIS, que reúne diversas artes em um único dia de evento.

Finalizando nessa edição, na seção Download: o Ministério da Educação e o Governo Federal em uma ação inédita disponibilizou toda obra do Machado de Assis, em comemoração ao centenário da morte do escritor e fundador da Academia Brasileira de Letras. Tomara que isso seja incentivado e outros escritores também sigam o mesmo caminho. Viva a Cultura Brasileira!

Boa leitura!
Do seu editor,

Entrevista com o palhaço Protocolo

O entrevistado dessa edição, se define como: "um amante de purê de batatas com feijão da Zezé, viciado em café e pão com ovo". Além disso, é palhaço, ator, artesão, produtor, professor, brincante do Boi Muleque Garboso e paralelo a tudo isso, ainda é marido, filho, irmão, padrinho e recentemente curtiu o seu primeiro dia dos pais. Estamos falando em outras palavras do palhaço Protocolo.
Com vocês: Ricardo Gadelha!


Guerrilha Aberta: Quando você começa a se dedicar a palhaçaria? E como nasce seu palhaço "Protocolo Sujis"?
Ricardo Gadelha: Meu trabalho como palhaço se inicia, e se fundamenta até hoje, a partir de saídas as ruas para improvisação e pesquisa em contato direto com o público. Em seguida, passei a procurar cursos e oficinas com mestres do riso, como : Marcio Libar, Leris Colombaione (Itália), Chacovachi (Argentina), Yeda Dantas, Palhaço Bicudo / Sergio Bustamante, Ana Luisa Cardoso, Itaércio Rocha, Mestre Zé de Vina (mamulengueiro).

O Sujis “nasceu” bem cedo, logo no início. Durante minhas saídas improvisava muito com os moradores de rua. O Sujis era aquele mindingo feliz que conseguia ver o lúdico no meio do desgaste da cidade. De uns tempos pra cá, o palhaço deu uma alinhada, a roupa ficou sem rasgos, a maquiagem mais clássica, passei a querer ter um produto, um número, um espetáculo ao invés de só improvisar livremente na rua. E passei a adotar o nome de Protocolo (que me foi dado por Yeda Dantas).


GA: Quando foi que você percebeu que seu palhaço era uma espécie de vagabundo que adora sujar lugares limpos para depois limpa-lo? Seria uma espécie de querer sempre se sentir útil no mundo? Ou alguma outra coisa?
Gadelha: Foi quando iniciei a montagem do meu número A Faxina. No início, tinha apenas uma brincadeira de deixar cair um objeto, e quando ia pegar este, deixava um outro cair. Uma gag clássica que vi o Bicudo fazendo no “Bicudo For Ever”, um espetáculo MUITO BOM deste palhaço-mímico-bufão-louco de pedra. Daí o Marcio (Libar) assistiu o número e orientou. Ele disse algo mais ou menos assim: “Isso, todo mundo já viu. Tu tem que fazer de um jeito que só você faria... E tem que pensar em cena. O público tem que acreditar que o palhaço está tentando acertar, tentando achar soluções, e não só deixando os objetos caírem”. Sou extremamente grato a ele por isso. Depois desse dia criei um monte de cascatinhas, gag´s e jogos com os objetos da Faxina (balde, vassoura, pá, espanador, lenço, burrifador de água) onde a lógica é arrumar, mas uma arrumação submetida a falta de inteligência e destreza próprias ao palhaço. O cara é super solícito, quer deixar tudo na maior ordem, mas sua debilidade cisma em prevalecer.


GA: Hoje, você já desenvolve um trabalho artístico em escolas públicas com crianças, além de ter feito parte da Cia de Mysterios e Novidades. Como você poderia dizer que se dá o desenvolvimento artístico no Brasil, mais especificadamente, no Rio de Janeiro? Até que o artista comece a viver do seu oficio?
Gadelha: Rapaz,....essa é a pergunta que a gente tem que responder todo dia, né? Hoje, “gracias a la vida, que me há dado tanto...”, posso dizer, orgulhoso, que vivo do meu ofício. O trabalho com educação é muito estimulante pra mim como uma forma reprocessar tudo que aprendi e que aprendo segundo meu ponto de vista, minha metodologia. É também uma oportunidade de experimentar o lugar do diretor, que me é extremamente novo e ao qual nunca busquei como artista, mas como professor de teatro, tenho sempre a demanda da famosa peça-de-fim-de-ano. Além de trazer uma remuneração mais fixa do que temporadas, espetáculos ou chapéu.

Como artista, acho que tem aquela fase em que a gente praticamente paga pra trabalhar. Tá começando, se junta com uma galera que pensa parecido, pesquisa, experimenta, se envolve em duzentas coisas ao mesmo tempo, quase não faz grana com o trabalho, mas ama e se sente teatreiro. Acho que é nessa fase que a gente descobre se fez a escolha certa. Aos poucos, das duzentas coisas diferentes que você faz, a pessoa vai focando naquelas que mais te realizam esteticamente. É sobre essas que tu passa a estudar, pesquisar, experimentar, buscar grupos, espetáculos, informações, etc. Ao mesmo tempo que tenta achar saídas de financiar sua vida e vender sua arte. E aí eu volto ao início desta resposta: é todo dia regando a plantinha. Buscando parcerias, patrocínios, escrevendo projetos, participando dos editais, trocando idéia com os grupos e cias que se sustentam, dando aula, trabalhando em trabalhos “normais”. Brecht já dizia: “Primeiro o estômago, depois a moral”. Acredito que assim, investindo no seu sonho artístico e na sua sustentabilidade como trabalhador de cultura o artista passa a viver de seu ofício (eu espero....).


GA: Há algum tempo atrás, numa das edições do Festival Internacional de Palhaços - Anjos do Picadeiro, rolou uma pergunta: "Bom palhaço já nasce feito?" E eu queria que você respondesse essa pergunta:
Gadelha:
Tem de tudo nessa vida. Eu acredito que sempre há por trás da história de um grande palhaço um intenso período de formação e treinamento, seja através da observação e transmissão de conhecimento entre gerações (família circenses tradicionais), ou por oficina e pesquisa prática e teórica, ou por outros meios, sei lá. Mas penso que a arte do riso exige uma precisão e disponibilidade que, acho eu, não é inata e sim, adquirida na labuta, no fazer. Chacovachi, que é um grande mestre palhaço de rua, diria que é uma questão de horas de vôo. Quanto mais a gente voa, melhor voa.


GA: O que é ser artista no Brasil?
Gadelha:
Eu resumiria em uma frase do Napão (Henrique Stroeter) do Parlapatões: - “Enquanto tiver bambu, flexa neles!”

Antes de acabar gostaria de fazer meu merchandaising... Pode? Lá vai:
Visitem meu site, na web: www.palhacogadelha.blogspot.com e contato para apresentações, troca de informações, etc: palhacoprotocolo@gmail.com .

Valeu Vinicius, parabéns aí pelo sucesso da Guerrilha, obrigado pelo convite, é uma honra colaborar para a promoção da arte popular e do ofício do palhaço. Disponha, viu?

Abração, Gadelha.