segunda-feira, 4 de agosto de 2008

EstrelaDoce: Do Sertão para Telona

José Dumont "Zé Dumont", como prefere ser chamado, é mais um dos que veio para a cidade grande, tentar a vida. Deixou sua terra natal para lutar pela sobrevivência nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

Zé Dumont, o retirante que deu certo. Nascido no sertão da Paraíba na cidade de Belém do Caiçara, em 1950, filho de Severino do Monte que virou Dumont, eis o porquê de seu sobrenome e Maria Porpino, perdeu a mãe com cinco anos, passando encarar a vida sozinho e com dificuldades. Passou fome, se alfabetizou vendo os cordéis nas feiras. Veio para São Paulo, com o desejo de correr o mundo, o que não podia ser diferente, passou por maus pedaços. Conseguiu emprego de carteiro.

Certo dia ganhou uma entrada de teatro e foi até lá. Apaixonou-se, naquele momento nascia um dos maiores atores brasileiro. Conseguiu um papel na peça. Passou para a TV, onde desempenhou alguns papéis mais ou menos umns vinte. Atualmente faz um pescador na novela os Mutantes da TV Record. Trabalhou em algumas peças de teatro. Rumou para o cinema. Sua estréia foi no ano de 1977, em "Morte e Vida Severina", direção de Zelito Viana, que conta vida de Severino, um retirante que para fugir da miséria da seca vai tentar a vida em outro estado. São as semelhanças da vida dos nordestinos.

Para Zé Dumont que como tantos Severinos correm atrás de uma vida melhor , interpretar um retirante não deve ter sido nada difícil como ele mesmo diz: "recorro ao passado, aperto um botão, uma tecla e ele vem".

O cinema não parou por aí para Zé Dumont, esse monstro sagrado que tem em alguns momentos feições rude e marcada é uma doce e sábia criatura, capaz de falar de vários assuntos ao mesmo tempo.

Zé Dumont declara: "Não tenho um tipo que me favoreça, não sou nenhum Brad Pitt", talvez por esse motivo ele tenha desenvolvido essa forma de interpretar e dar vida aos seus personagens criando o seu próprio método. Ele é capaz de fazer qualquer tipo de personagem. Em sua carreira contam 43 filmes, sendo os últimos "Os dois filhos de Francisco", 2005, dirigido por Breno Silveira e "Veias e vinhos – uma história brasileira" 2006, dirigido por João Batista de Andrade.

O cinema lhe deu vários prêmios sendo: três Troféus Candango, Festival de Brasília, três Kikitos de Ouro, festival de Gramado, APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, em Havana, Miami, Recife e Rio de Janeiro.

Desde o dia 22 de julho, o público tem acompanhado a trajetória cinematográfica desse monstro que foi até o dia 03 de agosto. Foram trinta anos de cinema brasileiro.

Para a mostra "José Dumont O Homem que virou Cinema", foram selecionados 20 filmes, os mais relevantes de sua carreira. O escolhido para a abertura foi "O homem que virou suco", 1980, dirigido por João Batista de Andrade fala do esmagamento do homem humilde pela sociedade fabril. Zé interpreta dois personagens. Deraldo um poeta popular cordelista (o que ele conhece muito bem) e Severino operário de uma fábrica, as interpretações são perfeitas. O sonho de Zé Dumont foi realizado, ele correu e correrá o mundo através de sua arte.

A mostra ficou até o dia 03 de agosto de 2008 no Centro Cultural Banco do Brasil (Rua 1° de março, 66 – Centro – RJ - Inf. 21 3808-2020).

____________________________________________________
Quem é Dalva Beltrão?
Artista Plástica de mão cheia e jornalista. Dalva é do samba e faz parte da direção do bloco de carnaval: Bagunça Meu Coreto. Conhecedora de muitas artes e muitas, mas muitas pessoas no universo artístico. Ela chega no Guerrilha Aberta para somar forças e falar sobre o que ela quiser.

Nenhum comentário: