Nosso primeiro entrevistado dessa edição é o professor de mímica Jiddu Saldanha, que como se auto-define é um artista que quer e luta por um mundo melhor. "Idealista e avesso a joguinhos políticos", como ele próprio se auto-define. Prefere muitas vezes ficar marginalizado, mas diz: "Quem me conhece sabe que sou fiel, amigo e cúmplice para todas as horas!".
Jiddu é mímico há pelo menos 20 anos, roda o Brasil com seus espetáculos desde 1988 e atualmente além de se apresentar, realiza oficinas de mímica. Entre os dias 05 e 09 de maio estará promovendo uma oficina de mímica, no espaço Cultural Mosaico Cultural, na Lapa. O que poucos sabem que ele começou a trabalhar como vendedor de picolé.
Jiddu é mímico há pelo menos 20 anos, roda o Brasil com seus espetáculos desde 1988 e atualmente além de se apresentar, realiza oficinas de mímica. Entre os dias 05 e 09 de maio estará promovendo uma oficina de mímica, no espaço Cultural Mosaico Cultural, na Lapa. O que poucos sabem que ele começou a trabalhar como vendedor de picolé.

Jiddu Saldanha: Eu tenho 43 anos de idade e vendia picolé numa cidade fria: Curitiba, minha terra natal. Desde criança sempre fui artista no jeito de lidar com a realidade, mas depois fui fazer faculdade de teatro e caí no mundo onde já são 20 anos de carreira, com altos e baixos, mas nem pense em desistir!
GA: Você cita Luiz de Lima e Ricardo Bandeira como mestres que deram origem a mímica no Brasil, ambos já falecidos e esqueçidos. Durante o último festival de mímicos, realizado no último final de semana de março, no Rio. Você disse que a arte da mímica renasce das próprias cinzas. Poderia explicar melhor isso?
Jiddu: A mímica é uma arte muito antiga, muita gente não entende isso. Se por um lado é importante adquirir novos conhecimentos e quebrar paradigmas é também importante manter um vínculo com o passado. Nós, que optamos por fazer pantomima, somos marginalizados por alguns grupos que tentam "elitizar" o conhecimento, mas no final das contas o que sobrevive e fica é a história humana, o respeito aos antepassados e a coragem de querer estar na paisagem sem tirar o espaço de ninguém.

No último encontro de mímicos, organizados por peruanos que vieram ao Brasil especialmente para isso, percebemos o sentido de nossa marginalidade, mas compreendemos amor de nosso público, a pantomima vive: OS MÍMICOS VIVEM!
GA: Hoje, você não se considera apenas um mímico, mas um professor de mímica, não é? Como tem sido a experiência de suas oficinas? Alguém que já tenha feito se tornou mímico profissionalmente? Por falar nisso, como funciona o mercado dos mímicos no Brasil?
Jiddu: Gosto de dar aula porquê percebi que a mímica no Brasil está sendo deturpada por uma pequena "elite" que despreza a população e o gosto popular. Minha oficina é cheia de informações, sem preconceitos. Mostro tudo! O aluno aprende e se reapaixona por mímica, quebra os tabus e passa a valorizar mais o mímicos brasileiros.

Também tenho uma missão, como mímico, de jamais deixar que se perca a memória de Luis de Lima e Ricardo Bandeira. Se esquecermos da luta desses dois artistas, estaremos fadados ao esquecimento também.
GA: Você diz que a mímica não é a arte do silêncio, mas a arte do gesto e que alguns mímicos até falam. Como isso funciona, na prática? Poderia nos dar alguns exemplos de mímicos que falam e como isso se aplica em cena?
Jiddu: Todos os mímicos falam com excessão daqueles que são surdo-mudos. Falar para um mímico é essencial, porque o silêncio é bonito esteticamente mas não explica tudo. Porém, existem mímicos que amam o silêncio e se sentem bem fazendo espetáculos silenciosos. Dois exemplos disso são o brasileiro Josué Soares e o francês Marcel Marceau. Eu conheci dos dois e confesso que posso passar horas ao lado deles, ouvindo seu silêncio ou suas falas, não importa porque são coerentes em suas escolhas.
A idéia de que o mímico não fala gera mal entendidos e cria uma distãncia entre os mímicos e outros artistas. Acho que a idéia de que a mímica seja "A Arte do Silêncio" foi um grande equívoco. Para mim, a mímica é a arte do "Gesto" mas que pode funcionar muito bem no silêncio. Isso acontece também com a pintura e pasmem até com a música. Em um certo sentido é a arte do silêncio porquê necessita desse intervalo para encontrar seu "som essencial"!
GA: Você diz que a arte da mímica nao é bem recebida pela mídia Brasileira e cita o mimico Santiago Galassi que diz: "A mímica jamais será moda no Brasil". Na sua opnião, há alguma explicação para isso?

Acho que, no fundo, nós vivemos de doações de nosso público, principalmente os mímicos populares que não fazem parte de elite nenhuma mas estão na paisagem!
GA: Para finalizar, na sua opnião, o que é ser artista, hoje?

SERVIÇO:
OFICINA DE MÍMICA COM JIDDU SALDANHA
DATA: De 05 a 09 de maio, das 13 às 17h
LOCAL: Mosaico Cultural (Rua Joaquim Silva, 56/ 6º andar – Lapa)
INVESTIMENTO: R$ 250,00 (duzentos e cinqüenta reais) - Podendo ser parcelado em duas vezes: 50% no ato da inscrição e 50% em cheque pré-datado para o dia 05 de maio.
VAGAS: somente 20 alunos
Informações: 2537-0056/ 9713-6530 - ritaporto@terra.com.br
OFICINA DE MÍMICA COM JIDDU SALDANHA
DATA: De 05 a 09 de maio, das 13 às 17h
LOCAL: Mosaico Cultural (Rua Joaquim Silva, 56/ 6º andar – Lapa)
INVESTIMENTO: R$ 250,00 (duzentos e cinqüenta reais) - Podendo ser parcelado em duas vezes: 50% no ato da inscrição e 50% em cheque pré-datado para o dia 05 de maio.
VAGAS: somente 20 alunos
Informações: 2537-0056/ 9713-6530 - ritaporto@terra.com.br
As fotos desta entrevista são de autoria de Ernani Bezerra
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