sexta-feira, 16 de maio de 2008

Márcio Libar lança o livro: "A Nobre Arte do Palhaço"

Nossa entrevista exclusiva dessa sétima edição, é com o ator, palhaço, diretor e agora escritor Márcio Libar, que começa sua trajetória no início dos anos 80, na Escola Estadual Visconde De Cairú e partir daí, começou a sonhar até fundar o grupo de Teatro-Circo: Teatro de Anônimo. Depois de quase 20 anos de estrada, o mesmo menino já com uma oficina de palhaço e com o espetáculo teatral sobre palhaço, é ganhador de prêmios internacionais de Palhaçaria. No próximo 27 de maio, na Parada da Lapa, na Fundição Progresso, ele lança o seu livro: "A Nobre Arte do Palhaço". E com vocês, Márcio Libar!


Guerrilha Aberta: Agora, você além de ter um espetáculo solo: "O Pregoeiro" e sua oficina. Você está lançando no próximo dia 27 de maio, o seu livro: "A Nobre Arte do Palhaço", que tem o mesmo nome da oficina. Já que você manteve o mesmo nome, você continua mantendo o mesmo objetivo? E o que as pessoas vão encontrar no seu livro?
Márcio Libar: Interessante começar por aí. Na real, o livro fecha essa trilogia: Espetaculo-oficina-livro. Em cada um deles, ou melhor em todos eles eu falo praticamente a mesma coisa, principalmente sobre ser quem se é, ou melhor ser quem você é. Também reforço muito a idéia do palhaço como perdedor, como aquele que perdeu pra esse mundo além de todas as perdas que vamos sofrendo ao longo da vida com as separações, mortes, perdas de emprego. Além da perda maior, que é a perda da nossa pureza e inocência que temos na nossa fase de criança para adulto. O tortell poltrona, palhaço catalão de quem eu dedico um capítulo do meu livro tem uma ótima frase, que eu uso sempre na minha oficina: "a criança quando cresce, se adultéra. Viramos adultos e nos adulteramos". Portanto, se o palhaço é o rei da brincadeira, temos que aprender a brincar e jogar como crianças. É isso que eu falo no livro, na oficina, no espetáculo, na mesa de bar, na esquina. Aliás, acho que esse é meu único assunto com a diferença que eu tenho umas 200 maneiras diferentes de falar sobre ele.


GA: Apesar de ser uma história biográfica, o livro traz vários ensinamentos muitos preciosos de vários mestres de palhaçaria pelo mundo todo que foram passadas à você e a forma de como você vai narrando isso vai conduzindo o leitor, de forma a parecer ser um romance. Porquê você quis escrever uma biografia nesse momento?
Libar: Eu não quis escrever uma biografia. Aliás, a possibilidade de estar escrevendo uma biografia foi o que por alguns momentos travou o meu processo de escrever. Não tenho idade física pra fazer uma biografia. Sou um homem de 42 anos, além de não ter histórico para isso, olho a minha volta e reconheço centenas de mestres, atores mais significativos, ou mesmo muito mais importantes do que minha figura e não tem sua historia registrada. Foi muito doloroso lidar com isso durante o processo.
A questão é: A Dri (Adriana Schneider) que é mestra em teatro com doutorado na área da antropologia com estudo sobre teatro de mamulengo e teatro popular me orientou no sentido de eu narrar a trajetória do meu aprendizado, sem querer criar definições, determinar teorias, seria apenas contar a história do meu aprendizado, do encontro com as pessoas e situações que determinaram meu caminho como artista e como palhaço. Por isso a idéia de narrar como um romance e não de forma jornalistica, criando as imagens, os climas, os sons, os cheiros. A parte mais biografica é necessária pra situar o leitor de onde venho, de onde falo do seculo 21, do Rio de Janeiro, de quem cresceu no suburbio, no bairro da abolição. Seria diferente se tivesse falando do Recife, Ceará, Porto Alegre ou Paraná. Para encerrar, o que eu quero dizer é que que a parte não constitui uma biografia e sim, se impõe como uma necessidade da propria narrativa escolhida, saca?


GA: Entendi! Agora, mudando um pouco de assunto: Você sempre foi uma pessoa muito política, envolvido em várias questões, pela cultura negra, pelo teatro e principalmente pelo acesso a cultura e produção. Como você vai trabalhar agora com o seu livro? Qual o seu maior objetivo com ele?
Libar: Pelo retorno que tive até agora, o que tenho ouvido de geral é que a porra do livro é bom. Isso é um dado que poderia não existir, as pessoas gostam do livro, riem, choram, torcem a favor, pensam em suas vidas. De uma certa forma já ouvi de certas pessoas muito sérias e importantes do nosso meio que dizem: "esse livro mudou minha vida". Eu não podia esperar ter esse tipo de retorno, e você gostou?

GA: Eu adorei!


Libar: Mudou sua vida?
GA:
Mudou! Na realidade, ter convivido com você, os dois últimos anos da minha vida, me transformou na pessoa que eu sou hoje. De alguma forma, eu sou e que sou e luto por um lugar ao sol. Agitando revista eletrônica, produzindo evento e se virando mesmo.

Libar:
Cuidado para não ficar muito homossexual essa declaração

GA: Certo! Voltemos...


Libar: Porque eu me refiro a qualidade artística do trabalho?
GA: Por que?
Libar: Por que a militância pela construção de politicas publicas de melhores condições de expressão, produção e acesso são movimentos coletivos e colabarorativos e até certo ponto, coorporativos, mas a arte é individual.


GA: É justamente sobre isso que o livro também fala sobre dificuldade ou a verdadeira saga que é conseguir viver de arte no Brasil e registra as mudanças na cultura, que hoje é um mercado cultural e além disso mostra que é possível gerar independência com autonômia. Qual é o seu caminho daqui para frente?
Libar: Estou tratando desse assunto, mas você definiu muito bem. Por mais direitos que conquistemos, isso não garantirá que o público pague seu ingresso ou compre seu livro. O que define isso é a qualidade do seu trabalho, o caminho que tenho buscado nos ultimos anos é esse é pela arte. Quando resolvi ser mais artista, investir no meu espetaculo, oficina, fazer um livro ou produzir um curta como o palhaço em campanha que produzi com a direção do Guilherme Fernandez foi quando fui mais eficiente politicamente. Quanto mais me dedico a ser artista, mais útil e revolucionario eu me sinto mesmo porque minhas expressões artisticas, sempre fortalecem a minha ideologia e minha visão de mundo, quanto a distribuição. Quer saber ainda ou já falei demais?


GA: Eu queria saber mesmo, qual é a sua idéia do caminho a percorrer daqui pra frente? Como por exemplo, além disso tudo você agita, ainda realiza junto com Nizo Netto, desde o inicio de 2007 e em 2008, um evento chamado Riso de Janeiro, que tem por objetivo ser uma noite de gala de humor e que recentemente está parado e além disso está fazendo novela. Será que sobra tempo para a revolução e cumprimento da sua missão?
Libar: Ainda bem que você usou a palavra missão, uma palavra meio discriminada. Até por ser um tanto vaga, pois missão não é a mesma coisa que objetivo. Missão é algo que está além de você mesmo, aquilo que dá sentido a sua existência, que ficara depois que você morrer e missão tem haver com isso. Já objetivos são os meios pelos quais você realizará sua missão. Portanto, não tem que haver conflitos entre seus objetivos e sua missão, pois uma é consequencia da outra. No mais é administrar agenda, mas isso ja se chama administração do tempo, a solução nesse caso sempre é: Não criar a ilusão de que você faz várias coisas. Eu não faço varias coisas, tipo: espetáculo, oficina, televisão, cinema. Eu faço uma coisa só, sou um artista cênico: um ator, de formação teatral e circense, que escolhi o palhaço como especialidade e pronto. É isso que eu sou como função social. Agora, sou um tipo de ator que gosto de pensar e refletir sobre o meu fazer, isso agrega a minha personalidade, uma tendência a ser diretor, professor ou mesmo escritor (como agora). Paralelo a isso, tenho meu senso de cidadania e responsabilidade nesse mundo enquanto sociedade civil. Dentro disso surgem diversas atividades que não são antagonicas entre si.


GA: E sobre o Riso de Janeiro?
Libar: É necessário saber separar o que nesse mundo é eventual ou sistemático. Digamos que o sistemático é a missão, ou seja, sou um homem comprometido com o riso, devoto da comédia e do teatro. Dentro disso tenho várias atividades que estão dentro da minha missão que é transformação social e humana, tendo o riso e a alegria como ferramenta principal. Essa é a minha missão! Agora depois do lançamento, por exemplo, fico em temporada todas as terças lá na Choperia da Parada da Lapa como "O Pregoeiro", por tempo indeterminado, mais que uma temporada é uma ocupação de território, onde também estará vendendo meu livro e exibindo o curta "Palhaço em Campanha" é no mesmo local e horário que era o Riso de Janeiro. Esse é meu objetivo pelo menos para os próximos três meses, mas a idéia é que o público fique pela choperia, tomando um chopinho e se tiver uma casa razoavel, a gente abre um microfone e chama uns fominhas pra dar canja, como Os Fulanos, Rey Bianchi, Camila Vaz, Nizo Neto, pessoas assim se derem mole fazem o microfone falar a partir de toda terça a partir das 11 e meia, de repente acaba se criando um espaço até mais demecratico que riso e certamente mais trash.


GA: Para finalizar: O que é ser artista para você?
Libar:
O que comunica, o que se expõe sem pudor, o que deixa que o público veja suas fragilidades, suas dores, e que é capaz de rir de si mesmo, de não se levar a serio. Ahh! E um pouco de pensamento não faz mal a ninguem.


O lançamento do Livro é apenas para convidados, interessados em ir no lançamento, a casa estará aberta a partir das 21 horas, por favor, deixem nome com e-mail nos comentários deste tópico da revista até o dia 25 de maio (domingo). Já o espetáculo "O Pregoeiro", neste dia é fechado. Quem quiser assistir, o espetáculo entra em temporada, todas as terças-feiras no mesmo lugar, por tempo indeterminado.

7 comentários:

Unknown disse...

Olá equipe do Guerrilha,

Sou apaixonada por esse adorável palhaço e admiradora incondicional do seu criador. Já assisti ao espetáculo na casa da Gávea e por sempre que posso vou ao projeto Riso de Janeiro. Assim, adoraria participar do lançamento do livro.
Se possivel gostaria de incluir, também, o nome de dois amigos:
Simone Barra
Marta Costa
Ricardo Menezes

Abraços

Simone

Flávio Corrêa de Mello disse...

Olá,

Conheço o Márcio de longa data, desde o tempo da ENC e do Curatul. Bom saber que ele está lançando o livro!

Se der darei uma passadinha por lá.

abraços

Anônimo disse...

Vinicius,

Não estou conseguindo colocar meu nome na lista pro lançamento do livro do Libar. Eu queria muito ir!

Patrícia Ubeda

Unknown disse...

Já assisti a "O Pregoeiro" e gostei bastante do espetáculo. Gostaria de ir ao lançamento do livro.
NEWMAR VIEIRA

Anônimo disse...

Eu vou.
Bien sûr.

Anônimo disse...

Caraca esse anonimo aí foi
sem o meu consentimento sorry.

Anônimo disse...

QUERO IR NO DOMINGO NO LANÇAMENTO DO LIVRO!!!!!

COMO FAÇO ???

MUITO COMPLEXO A MANEIRA QUE VC SUGERIU!


BEIJOSSSSSSSSS


TERESA!