segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Galhofa: Sorrub e Oileruá - CAP. IV

Sorrub e Oileruá

Um história de Amor entre um dissoluto perdulário e sua sobejante bucelária!
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IV

Sorrub era de cor brilhante, entre o amarelo e o castanho, o melhor que a mistura já produziu. Um mulo, resultante do cruzamento de égua com jumento, equus asinus.
Inspirava simpatia era agradável, aprazível. Sabia como ninguém pôr a mão em instrumento dedilhável e tirar sons de fazer soar o japacanim-do-brejo. Era um assobia-cachorro.
Esta qualidade natural, ganhou por mérito e virtude própria, a um amigo cuitelão, que a ele passou destas artes.
Choros, modas, sambas, cantigas, de tudo um pouco aqueles dedos vibravam os instrumentos de corda. O mulherio manifestava uma felicidade intensa quando Sorrub resolvia violar. Seu som cintilava a noite negra.
Violáveis eram as noites do alcouce.

À noite que perdeu o virgo era noite dessas. Era pra mais de dois quartos da hora precoce, sua mãezinha andava as voltas com um marítimo, rodando a saia a sua nau. Sorrub observava de longe em longe o movimento do curro quando uma “Neguinha” mui linda de repentino lhe dá um sobressalto. Ele se recompõe dando nova forma a uma melodia que fazia. A “Neguinha” tinha vindo ao som da laçaria que Sorrub produzia.
Ela se acocorara a seu lado e passou a acocar seus cabelos. A música estancou estalando no ar a mão. Os olhos. Leve sucção ela pôs-se a fazer nas suas conchas. Ele podia ouvir o mar batendo forte em seu peito. No peito dela. A mão. O mar bravio. Ondeavam pelo chão. As roupas encharcadas. O mar se abria para Sorrub.

A “Neguinha” sem sobreaviso alcança-lhe o instrumento. Ao se defrontar com a piça, estremeceu de súbito. Sorrub era dotado de um ornamental carvalho. Tinha a jeba de palmo e meio.
Como uma onda então ela lhe encobre o caramanchel fluidificando-o, deixando a jeba do tamanho de uma jaca. Que farnel pensou a “Neguinha”, ‘me farto nessa jeba’.
Sorrub era novel e a “Neguinha” conduziu-lhe o pincel ao bucelário.

A “Neguinha” conduziu-o pra cima e pra baixo, sentada verticalmente, aprumada, a pique. Conduziu, e ele, desfruiu, o pri-vi-lé-gi-o do goooohhzo.


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Quem é Leo Carnevale?

Ator, palhaço, diretor, escritor e colunista. Leo Carnevale desenvolve seu espetáculo "Pulitrica" pelas ruas, praças e onde for bem vindo seu Palhaço Afonso Xodó. Há algum tempo, está desenvolvendo sua capacidade literária voltada ao humor, ao teatro e a palhaçaria, aqui apresentada como Galhofa.

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