terça-feira, 30 de setembro de 2008

Galhofa: Sorrub e Oileruá - CAP. VI

Sorrub e Oileruá

Um história de Amor entre um dissoluto perdulário e sua sobejante bucelária!
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VI

Sorrub depois de formado na Academia, cursou as letras, saiu em viajem pelo país. Dizia que tinha que conhecer o pai. Sorrub não era dado a lamentações. Foi sempre um aventureiro subia e descia pelas cercanias, ao vento, em busca de composições.

Um dia resolveu: ‘Vou partir!’

Mama Paroara não soube o que falar, sabia que de alguma forma isso aconteceria, apoiou o pequeno.

As serralheiras do conventilho também sentiram muito essa despedida. Sorrub aprenderá um pouco de tudo com todas. Jaqueline foi talvez a que mas sentiu. ‘Parte?’ ‘Sim.’ ‘Volta?’ ‘Espero.’

Tomou das roupas em uma mochila, do violão, um dinheiro que havia guardado. Mama Paroara deu-lhe mais algum. ‘Não precisa’, ‘Se não precisa-se não tava dando’. Guardou o dinheiro. Com ternura olhou a mãe, as meninas, o Alcouce, e partiu.

Sorrub queria ir para toda parte. Por dentro e por fora. Foi ver o mar primeiro.

Pegou um ônibus que o leva-se para o mar, e assim foi.

Sentou-se ao fundo. Pois a mochila no chão. Empunhou o violão e ficou sussurrando cantos. Logo sentiu saudades da mama, das meninas do alcouce. Sorriu. Tocou um acalanto e adormeceu.

Acordou com a aura do mar. Desceu do ônibus, esticou o corpo, pois a mochila nas costas, violão, e foi para a rua atrás do cheiro. Estava na zona portuária e o mar tinha um corpulento aroma de peixe. Atravessou a rua e caminhou em direção a fragrância que sentia bem perto. Na mureta olhou de longe em longe, cheirou, ouvia as batidas das águas. Nascia um novo mundo.

Tinha sede. No bar que entrou foi logo olhado. Atravessou até o balcão. Pediu a benção a São Jorge no meio das garrafas de cachaça. Pediu uma “benta” de um gole. Como também estava com fome e a maniva era forte nestas paragens comeu com carne-seca. Sentado numa mesa com azeite e uma birra. Refestelou-se com a maniva amanteigada.

Uma ruiva que de longe o observava muito, sorriu, chegou perto da mesa segurando a cadeira querendo sentar. Sorrub consentiu com a cabeça. ‘De fora?” Mas uma vez apenas balançou o tino. ‘Tá atrás de diversão?’ ‘E de trabalho.’ Completou Sorrub.

Berenice acordava se espreguiçando no corpo só uma frase “noite porreta”.

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Quem é Leo Carnevale?

Ator, palhaço, diretor, escritor e colunista. Leo Carnevale desenvolve seu espetáculo "Pulitrica" pelas ruas, praças e onde for bem vindo seu Palhaço Afonso Xodó. Há algum tempo, está desenvolvendo sua capacidade literária voltada ao humor, ao teatro e a palhaçaria, aqui apresentada como Galhofa.

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