terça-feira, 30 de setembro de 2008

Novos Literários: I Panemabatida - cabocami(H)napraia - Rod Brito

I Panemabatida
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Rod Brito
Está bem. Não se preocupe. Está sol, maravilhoso. Nuanças mil. Praiona é apelido: paiol de odores. A parafina estoura só em quem sabe. E o frescobol resolveu que passa nem perto hoje. Beleza.

Tudo melhor do que nunca. O refresco ideal é de fechar os olhos, de fazer suar, pra não pedir outro copinho – melhor do que nunca. Ai, por favor...

Opa! Uma bolinha bateu na minha cara ou no peito da menina fazedora de cálculos na canga? Porra! Em mim! Não, nela! Por favor, em mim não, nos cálculos dela... Mas se estou de recuperação, o que faço eu por aqui e agora... Pensando bem estou, senão em casa, na casa do Luizinho, que é ele sempre mais apresentável quando se fala em praia, quando se junta ao lugar uma pessoa, o rei por aqui, folgazão que é... Ou não. Tá bom. Já que fiz umas tantas merdas na vida, nos jornais não passei dos soduko, e a praia sempre foi o spa de reflexão mais adequado, que o seja também agora. Eu sou o rei da praia; não quero é estudar, jeito nenhum... Tivesse tabuada impressa também faria. Coisa nenhuma. Disfarço o disfarce.

Ai, ai, ai, calorão. Calorão ou calorzão? Ai, ai, ai; e uma reforma da natureza àquele monstrinho de bruços na areia já não me retiraria mais cedo, por indigestão. No que estou quase vomitando. Quando foi isso? Nem cabe agora me retratar com ela. Hoje não. Já passou tanto de tempo. É, é, é. Oi Jujuzinha... ou Vanessinha... ou sabe lá qualzinha. É. Sou eu mesmo quem está acenando pravocê. Tudo bem? Quanto tempo, né... Não me preocupo.

Está sol, está bem, maravilhoso. Espreguiçando agora o comprimento, descompromissando geral, corpo todo, corpo-loco. Não é coco-loco. Me dá um; se abaixa que eu não me levanto, ora bolas, se achando o quê! Ainda tenho troco, surpresa. Não se preocupe que eu não me preocupo. Hoje, eu, introspect puro, ladrão de silêncios. Hoje não tem mesmo a quem eu e você diga, digamos: – Tá bom, é a mais indesejada verdade, mas ontem eu bebi mesmo, um porre, além da conta. Agora estou mal, que não conseguiria nem levantar da cama hoje, não fosse a minha praia, olhar os mais lindos corpos, torcer o nariz a quem se acha mais esculpido do que eu. Hoje vim curtir ressaca na praia e não há mal nisso. É só não querer transigir pegando latinha pra retomar os serviços de bordo, o provador de birras, a quem chegar perto – pior é que praia é um montão de gente perto. Nossa; sou eu isso tudo mesmo. Não. Nada disso! Seria querer furar as ondas com tonteira e achar saco plástico que o porco arredio de si jogou logo cedo no mar. E não é que com sol forte na cabeça, inchado ainda de cana, logo cedo, fico até ecológico, ao menos em pensamento! Não tivesse dormindão, até iria numa boa; meu saco até me serviria para esconder a cara, depois de detonado o conteúdo, mas se cinco ou seis biscoitos caídos na areia os tatuís também não terão consciência poluída, mas... Intervalo de uma hora na fritura dos miolos; faço parecido, mas sem saco. Pensar já faz mal à minha própria natureza, reagindo, quase querendo verde, verde total, verde geral, pela boca. Ai, ai, ai; disfarço, engulo em seco. Melhor dormir. Ou seja, apagar.
E você; não me fica aí de olhos fuzilantes, sabe lá qualzinha você é, por indigestão...

Rod Brittto – 2007, Rio de Janeiro / Brasil. Da série “Cabocami(H)napraia”.

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Coluna é voltada para trazer novos autores literários. Em toda nova edição , traz um novo autor com linguagens diferentes. A coluna está a procura de um nome. Se você tem sugestões de nomes, deixe aqui seu comentário, quem sabe na próxima edição o seu nome seja escolhido.

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