terça-feira, 21 de outubro de 2008

Entrevista com o palhaço e mágico, Maksin

Nossa entrevista dessa edição é com Maksin Oliveira, um nome o quanto diferente e pessoalmente, ele não foge a característica do nome. Ele é um desses revolucionários que ainda acreditam que a arte muda o mundo, pois mais que a realidade se apresente difícil, seja fazendo palhaçadas ou mágicas, ele é assim.
Com vocês: Maksin, o palhagico, ou magilhaço!


GA: Como começa essa história de ser palhaço na sua vida? E como nasce o palhaço Tribúrcio?
Maksin Oliveira:
A palhaçaria surgiu na minha vida pra implementar meu trabalho de mágico. Aí conheci o trabalho dos Doutores da Alegria, fui curtindo, me apaixonando e, quando me dei conta, tava doido pra ser palhaço e no caminho para tal. Quando me liguei nisso fui procurar quem entendia do assunto. Comecei estudando com o Flávio Souza e a Ana Achcar na "Enfermaria do Riso", fiz o curso da Paloma Reyes, do Márcio Libar, fui pra rua, fiz alguns dos meus shows de mágico como Tibúrcio... Que, aliás, surgiu no meio dessa bagunça toda e nem sei definir quando. Só sei que ele me dá taaanta liberdade! Me sinto tão à vontade quando estou com meu lado Tibúrcio estampado no nariz!


GA: Você além de ator, é palhaço, mágico e anda de perna de pau. O que me faz lembrar no recente livro, publicado da Erminia Silva, que afirma que até os anos 50 aproximadamente, os artistas eram formados em todas as áreas e eram conhecidos como artistas completos. Só que com o surgimento das faculdades, esses artistas completos foram substituidos por artistas especializados. O que você busca, enquanto artista?

Maksin:
"Artista completo" é uma ótima utopia a se seguir! Isso ajuda a gente a nunca querer parar de estudar, pesquisar, inventar... Sabe que eu nunca tinha pensado nisso?! Se bem que o artista - aquele artista MESMO - este tem uma inquietação que lhe é inerente e, podem reparar, tá sempre pensando algo, fazendo algo, tá sempre com uma idéia na cabeça, não sossega. Mas penso que a arte é algo tão grande. Ora bolas, em qualquer regime de censura os primeiros a serem caçados são os artistas, logo isso significa que a arte tem um poder imenso! Acho que mais do que nos orgulharmos disso, temos que ser conscientes do que fazemos. É pena que entre fazer aquilo em que acreditamos e poder viver disso às vezes haja uma distância grande, mas nós trupica mas num cai!


Acho, sinceramente e mesmo que soe um pensamento demasiadamente romantizado, que quando faço alguém sorrir, gargalhar, sonhar, chorar, pensar, questionar, estou mudando o mundo. E se faço alguém pensar sobre si e sobre a condição em que vive, então também estou fazendo política! E sem pensar em benefícios próprios. Porque se as pessoas forem mais felizes, haverá menos problemas de pessoas fazendo mal a seus pares. E a chance de haver paz, aumenta significativamente. E essa é uma filosofia grande, porém simples, de Dalai Lama, da qual compartilho e acredito! Não que eu tenha a presunção de achar que levo a plena felicidade às pessoas, mas busco trazer momentos felizes... Claro que sem perder a ironia e a acidez, porque senão não serei eu e, citando o Márcio: "Jamais serás quem tu não és!".

E, me repetindo: Penso em mudar o mundo!


GA: Você montou e apresentou um espetáculo sobre a vida do palhaço negro "Benjamim de Oliveira", na Uni-Rio. Como foi a experiência de retratar uma época do surgimento do circo-teatro, no Brasil. Quais personagens você fazia e por quê você foi escolhido para representar esses personagens especificos?
Maksin: Foi o espetáculo que mais me deu prazer em fazer! Benjamin mudou minha vida! Pensar que um sujeito preto, nascido numa fazenda escravorata, com pretenções de ser palhaço teve que fugir da fazenda, depois fugir de alguns ciganos que queriam trocá-lo por um cavalo, depois fugir de um circo onde era espancado, conseguiu ser o maior palhaço do Brasil. Pensar que este mesmo homem foi o responsável pela sobrevivência do circo no Brasil a partir da década de 30 e 40, com a implementação do gênero circo-teatro... é incrível! E pensar que as pessoas mal conhecem Benjamin de Oliveira, é lamentável... Mas, pode-se apenas resmungar ou fazer algo sobre. Eu trabalhei nessa peça e pude atestar tudo aquilo que eu falei antes: a arte muda o mundo!

Sobre os personagens que fiz, foram muitos e por razões diversas. Sempre fui apaixonado por circo e teatro, então sempre chegava no ensaio com idéias para cenas e personagens e, talvez pela polivalência minha e benevolência do grupo, fiz vários personagens. Neles havia mágica, perna-de-pau, palhaço, um português... muitos personagens caricatos. Interpretei até o Oscarito! Que inclusive, estreou no circo com o Benjamin.


GA: Você está atualmente trabalhando em um espetáculo de mágica, onde de palhaço você sonha em ser uma espécie de David Copperfield, da magia, mas sempre se atrapalha e acaba virando alguma espécie de mágico trapalhão. Quais são os seus sonhos? E o que espera para a sua vida nos próximos anos?
Maksin:
Pois é! Como falei, a mágica veio primeiro para mim. Só depois descobri o palhaço e, curiosamente, foi aí que descobri o mágico! hahahaha. Eu admiro muito o Copperfield porque ele foi o primeiro a levar com mais afinco o teatro para dentro da mágica. Podem falar que ele é brega e o caramba, mas ele é muito bom nisso. E como fã, no começo eu queria SER o Copperfield! hahaha Mas não consegui fazer nada sério. Ensaiava até, mas chegava na hora eu via algo na platéia e logo partia pro humor. Até que vi que eu não era o Copperfielde sim, Maksin! E dessa premiça surgiu o espetáculo "A mágica como você nunca viu!", com Marcela Coelho e Wagner Pinheiro!


Estou super-empolgado com este trabalho de mágica, com o espetáculo "Gigantes Pela Própria Natureza", da cia de perna-de-pau. E, por agora e para os próximos anos quero mudar muitos mundos e, assim, ir transformando o meu também!

GA: Para você, o que é ser artista, no Brasil?
Maksin:
Uma honra!

2 comentários:

Rachel Souza disse...

é isso Maksim! A gente muda mundos sim, com certeza! A começar pelo nosso.

Unknown disse...

Adorei, Maksin!
:p
A gente muda e o mundo muda com a gente!