Sorrub e Oileruá
Um história de Amor entre um dissoluto perdulário e sua sobejante bucelária!
_______________________________________________________
III
Sorrub não cresceu muito, o suficiente para lhe dar a aparência destemida, tinha ímpetos de herói. Foi um meninote taludo, bem desenvolvido, avesso as desavenças, mas numa disputa, uma rixa qualquer, sabia pelejar como ninguém.
Foi assim, quando na primeira ‘infantia’, se envolveu num caso heróico. Tinha sete, talvez oito. Estava sentado, quieto, na varanda do Liceu, quando uma algazarra de meninotes passa a sua frente.
Tinham em seu poder duas bonecas.
Um pequeno trapo de pano com os cabelos esfiapados, uma verdadeira espiga de milho e uma pequena, mui linda, jovem, morena, de olhos negros.
O meninório troçava das duas. A primeira já quase desfacelada e sem grãos de milho, não tinha forças. A segunda chorava copiosamente.
De pinote Sorrub se levanta. Observa a situação. E resolve! Invade o ajuntamento da pândega. Os meninotes de doze e treze anos não entenderam nada, a risada foi geral. ‘Oh criançola! Veio salvar a princesa?’. Mais risadas.
Sorrub furibundo, impele-se com violência ao falastrão, que vai ao chão. A criatura imberbe levanta-se sobre Sorrub impelindo-o com um supetão do corpo. Sorrub é encurralado no canto. O falastrão prepara-se para desferir o golpe no momento em que a boneca mui linda, de olhos negros, acerta-lhe o tino com o que restara de sua companheira de cabelos ruivos de milho que havia sido esquecida ao chão. O imberbe falastrão possuído, vira-se sobre a jovem morena desferindo nela uma barrufada na fisionomia, Sorrub de assalto investe num vôo à criatura, agarrando-se ao seu gargalo. Os meninotes assistiam a tudo estupefactos.
As mães foram chamadas.
Mama Paroara chegou ao Liceu num requintado vestido de longo decote que privilegiava a vista de seu colo feminino.
Os meninotes a saída do liceu surpreendidos com a visagem de tão exuberante e viçosa curvatura, remoinhavam, a impressão de que tudo girava.
Já na superintendência mama Paroara tomou conhecimento dos fatos. Um misto de comoção, emoção, abalo, alegria, tristeza, raiva, tomou conta dela.
‘Então, meu pequeno homem tem um ato extraordinário, guerreiro, mostrando seu valor magnânimo e sou chamada à repreensão!’
A situação inverteu-se. Desculpas da superintendência. Louvação da coragem. Sorrub era o novo herói do Liceu.
___________________________________________________
Um comentário:
literatura fantástica, pelo q eu senti, e das melhores.
Postar um comentário