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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

NotaPreta: Mestres da Percussão

Mestres da Percussão
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Mauro Vianna

VELHA GUARDA, TODAS POSSUEM...
...MAS DA BATERIA...
...SÓ NA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA!
(Mauro Viana)


A História

Fundada em 18 de maio de 1997, a idéia da Velha Guarda da Bateria da saiu da cabeça de Carlinhos. Ele fez parte da Ala da Velha Guarda Bateria por 8 anos. Carlinhos se foi mas sua idéia vingou....

Waldyr José Claudino conta que a sua história com a Estação Primeira de Mangueira deu-se inicio quando ele tinha apenas 10 anos de idade fazendo parte da ala mirim. Hoje como Presidente da Velha Guarda da Bateria com os seus 68 anos de idade, administra a vivência e a harmonia dos seus 30 componentes . Esses méritos, foram herdados de seu pai Marcelino José Claudino o “Maçu”, figura notória que se destacou com grandes histórias no Bloco dos Arengueiros. Chegou ao morro, aos 19 anos de idade. Ganhava trocados como carroceiro e logo tornou-se figura conhecida do morro. Foi um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira e Presidente de 1948 a 1950. Waldyr também orgulha-se, em falar da importância de sua mãe, Maria Nogueira como costureira de sua grande fama na comunidade.

Waldyr José Claudino destaca a importância da Velha Guarda da Bateria para todas as escolas de samba: “Gostaria que todos as co-irmãs pudessem ter a iniciativa de fundar uma Velha Guarda da Bateria em suas escolas, para não deixar morrer a história de grandes nomes que por lá passaram”.


A Ala

Atualmente, o grupo é composto por componentes, sob as bençãos de bela Neide dos Santos. Os sábados da Vila Olímpica recebem a habilidade e experiência da Velha Guarda de Bateria. Claro, o prato principal é samba regado a histórias muito saborosas.
Esses ritmistas ao contrário do nome que os intitulam (Velha Guarda), mostram grande entusiasmo, vitalidade e habilidade com os instrumentos que ficam guardados à disposição deles na Vila Olímpica, local de suas reuniões.


A Madrinha

A Madrinha, Neide dos Santos nasceu na comunidade. Naquela época, a eleição era através de vendas de bilhetes e vencia quem vendesse mais. E assim, Neide dos Santos foi eleita Rainha da Bateria em 1970.

Filha de uma das primeiras Baianas da Estação Primeira de Mangueira e de Zé Crioulinho, responsável pelas primeiras marcações da Bateria, Neide, continua reinando, agora como Madrinha. Além do título de madrinha, ela é indispensável na harmonia da Velha Guarda da Bateria.


Os Critérios

1. Possuir 20 anos de bateria;
2. Possuir mais de 55 anos de idade;
3. Ser encaminhado a ala com uma autorização escrita do Presidente da Bateria e esta não poderá conter, nenhuma relação com indisciplina;
4. O novo integrante, será encaminhado ao Presidente Sr. Waldyr da V. G. da Bateria que repassará para o componente recém chegado um regulamento de procedimentos.

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Quem é Mauro Vianna?

Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nota Preta: Samba nos Jardins do Palácio do Catete

Na próxima sexta-feira, dia 5 de setembro, o República do Samba instala-se nos Jardins do Museu da República. Os compositores do Samba na Fonte (Pedra do Sal) e do Grupo Resistência (Engenho da Rainha) vão comandar uma roda, atenção, só de inéditas. Vou repetir SÓ DE INÉDITAS

Na abertura, exibição de vídeo, em que Darci da Mangueira (morto, em maio de 2008) homenageia Cartola. No encerramento, o pianista Ricardo Camargos completa o bloco com o Piano de Cartola. O República do Samba tem entrada franca e direção do jornalista Mauro Viana (8648-4736).


República do Samba - Tema: Centenário de Cartola
com compositores do Samba na Fonte e Grupo Resistência e Ricardo Camargos
Quando: 5 de setembro - 19 h
Onde: Museu da República (Rua do Catete, 153)
www.museudarepublica.org.br
Entrada Franca

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Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

NotaPreta: Dicas de Programação

O Ipeafro, Memória Lélia Gonzalez e a Secretaria de Educação de Niterói nos enviaram os convites que fazem a NOTA PRETA desta semana, acompanhe:


25 de agosto – 2ª feira – 18h 30m
Apresentação do DVD Abdias Nascimento Memória Negra (95 min), dirigido por Antonio Olavo,
Centro Afro Carioca de Cinema – Rua Joaquim Silva nº 40 - Lapa

A apresentação é também uma homenagem ao poeta e revolucionário Luiz Gama*, pela passagem dos 126 anos de sua ausência entre nós (24 de agosto de 1882)


27 de agosto – 4ª feira – 18h
Coletivo de Estudantes Negros e Negras da UERJ – DENEGRIR inaugura sua sala de atuação “Abdias Nascimento”:
18h - leitura dramatizada da peça SORTILÉGIO
19h - homenagem a Abdias
20h - inauguração da sala
20h 30min – coquetel




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Quem é Mauro Vianna?

Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

NotaPreta: Djalminha, filho de São Cipriano

Alguém, aí, sabe qual é o Dia de São Cipriano? É isso, mesmo. Qual é o dia em que se comemora o Dia de São Cipriano? Calma! Não se trata de “game” ou “quiz”. A pergunta me veio à mente, em conseqüência da deliciosa conversa que tive com o grande compositor do Morro da Providência, cujo Cd “A ÚLTIMA CEIA” é uma peça rara da verdadeira cultura brasileira.

- Meu nome é Djalma Souza da Silva. Tenho 75 anos. Nasci no Morro da Providência.

- Sabe quando?
- Dia 11 de julho. “Dia de São Cipriano
.

- Mas você freqüentava os Terreiros de Candomblé da Zona Portuária, Djalminha?
- Não, rapaz! Isso aí era coisa pesada. A polícia baixava o pau, malandro.

Djalminha faz um corte rápido e coloca em primeiro plano sua habilidade como percussionista.

- No meu tempo, no Morro da Providência nossa única diversão era o samba. A criançada aprendia a tocar os instrumentos batendo na lata. Sabe aquela velha história da “Lata D’água na Cabeça?”. Se liga: a lata serve para carregar água morro acima, vira tamborim, surdo e o que a imaginação quiser:

FOI BATENDO NUMA LATA
QUE ME TORNEI UM BAMBA,
PARTIDEIRO RESPEITADO
NAS RODAS DE SAMBA.
SE QUISER VER PRA CRER
QUE VOU DEIXAR CAIR
SE ENCULCA NO PAGODE
E VAI BEM FUNDO PRA SENTIR

QUE SOU RAIZ DE VERDADE
DA VIZINHA FALADEIRA
EU FIQUEI-FIRME
DA RISOLETA, NEGA BELA:
LÁ NO MORRO DA FAVELA
DO BAM-BAM-BAM 7 COROAS
ADEUS PNTE DOS AMORES
DA CABROCHA DA GAMBOA

Cabrocha da Gambôa (Djalminha/Luiz Luz)

- Djalminha, essa Risoleta era do cu riscado, não era?
- Risoleta? Era a cabrocha do Morro da Favela. Encantadora e alucinante! Risoleta acredito eu, ter sido a primeira mulher citada em um samba. Escuta só:

VOU MANDAR ESTA NEGA RISOLETA
QUE FEZ UM FALSETE E ME DESACATOU
ISSO É CONVERSA PARA DOUTOR

Antes da pergunta, Djalminha sai respondendo:
- Conheço esta samba desde de criança. Agora, por favor, não me pergunte o nome do compositor. Vou ficar te devendo essa... Não vou fazer, melhor. Vou pagar você respondendo uma pergunta que você ainda não fez: o nome dos meus pais e da minha avó, grande passista do Morro da Favela, da qual, herdei a ginga e a sabedoria. Meu pai chama-se Antônio Januário da Silva. Mamãe era a Dona Maria da Conceição de Souza e Vovó sempre foi Vovó. Sobre papai tem uma historinha muita curiosa: Você sabia que o cara foi preso, em 1936 porque ensinava pessoas a ler? Anote, aí: 1936: um chefe da família é preso por alfabetizar os pretos do Morro da Favela!
Felizmente, na minha juventude, ensinar os pretos a ler e escrever não era considerado crime hediondo! O Djalminha rapazola era exímio dançarino, aposto!

- Cumpadi, muito antes de me casar com a Vizinha Faladeira (que começou na Rua América 184, em Santo Cristo) dos empregados da beira do cais, rodei e rodopiei por todas as gafieiras da cidade. Se quiser anotar, anote:

1) RECREIO DA FLORES, na Praça da Harmonia. O Recreio das Flores era um rancho que virou gafieira. Nessa época conheci os lendários ZÉ MOLEQUE e WALTER MANTEIGA JR do Morro do Pinto.
2) DRAMÁTICO. Era um clube de futebol também no Morro do Pinto.
3) CLUBE DOS ESTADOS. Esse ficava na Rua Álvaro Alvim.
4) CLUBE DOS CRONISTAS CARNAVALESCOS bem, ali, na Presidente Vargas com Uruguaiana.

Djalminha recua no tempo e reconstitui Escolas de Samba pouco conhecidas:
- Nos anos 30, o Morro da Providência abrigava as Fiquei Firme ou Fique Firme, Corações Unidos e Última Hora.

- Por que a fama da Vizinha Faladeira?
- O destaque da Vizinha Faladeira credita-se aos empregados do cais. O povo da estiva (primeiro sindicato do Brasil) sempre foi forte e unido. Ta o Império Serrano que me deixa mentir. E por falar nisso, Fuleiro, Ivone Lara e sambistas de todas as Escolas batiam ponto na Vizinha Faladeira. Eu vi. Ninguém me contou.

Amei há quem não devia amar
Chorei por quem não devia chorar
Eu já jurei que mais ninguém
Eu hei de ter amor
Quem eu julguei
Me ter amizade
Me abandonou
A princípio eu fiquei triste
Quase morri de saudade
gora estou conformado
Antes viver só, que mal acompanhado

(Desfile do “Bloco” Vizinha Faladeira, nos anos 40)


- E a Pedra do Sal, Djalminha? Você sabia que a Pedra do Sal ganhou status de Quilombo Urbano?
- No meu entender, a Pedra do Sal é um santuário. Santuário tão sagrado quanto a Pedra do Sol, no México.

EH! SENZALA, SENZALA, EH!
EH!, SENZALA
EH!, EH! SENZALA, SENZALA EH!
EH! SENZALA

EU SOU O SAMBA
SOU ORIUNDO DA SENZALA
NASCI NUM LAMENTO DE DOR
SÃO VELHAS-GUARDAS
E BAIANAS
TESTEMUNHAS DO QUE EU PASSEI;
JÁ FUI MARGINALIZADO
E PELOS MORROS E FAVELAS
ME CRIEI – ZÉ PEREIRA ME FEZ UM REI
PORQUE UM BAMBA, É BAMBA
E PRA PEDRA DO SAL COM MUAMBA
DESCI DO MORRO, PRA FICAR
BEM ALTO
VIREI FEITIÇO QUE A CARMEN MIRANDA
ESPALHOU NO ASFALTO

HOJE NESTA FESTA DE SENZALA
PAGODIANDO VOU O DIA AMANHECER
MORO NO MORRO, É BOM SACAR
MINHA COROA É DE CETIM
MEU PAVILHÃO, MEU ESTANDARTE
CULTURA E ARTE MOSTRO
AO SOM DO TAMBORIM
NUM SAMBA DE RODA
NA CIDADE ALTA E COM TIA CIATA DESFILANDO
AS ESCOLAS DE SAMBA NA APOTEOSE
REINANDO NAS LINHAS DA PAUTA
DA PRAÇA ONZE, EU SOU A IMAGEM
QUE O MUNDO EXALTA

(Pedra do Sal – Djalminha, Bebeto do Ouro e Sarabanda)

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Quem é Mauro Vianna?

Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.


sexta-feira, 20 de junho de 2008

NotaPreta: Carta ao Seu Xangô

Prezado Xangô,

Vem aí, o prêmio CAMÉLIA DA LIBERDADE 2008, mas neste momento que seus brothers verde-rosa como Darcy da Mangueira e Jamelão nos deixam grande legados, é bom lembrar, a liberdade da Camélia de anos anteriores. Voltemos em no tempo:

O Prêmio Camélia da liberdade que há 3 anos oxigena a política cultural do Rio de Janeiro, fez um link histórico com o abolicionista José do Patrocínio. É que na terça-feira, 9 de abril, o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, cujos timoneiros são Maitê Ferreira da Silva e Ivanir dos Santos, revestiu o centenário Teatro João Caetano de nossas cores e dores através das artes integradas à educação, à militância, e às ações trabalhistas de empresas afirmativas. Tudo isso, amarrado, costurado e mixado pelo talento da atriz e coreógrafa Carmen Luz. Aplausos!!!!!
O carinho de nossa comunidade fez jorrar merecidamente uma cachoeira de "Positives Vibrations" sobre a Dama do Teatro, RUTH DE SOUZA. Aplausos de pé!
Jorge de Sá, filho da ex-psicóloga e atual cantora Sandra de Sá (ex-militante da TV OLHO de Duque de Caxias, a primeira TV Comunitária do Brasil) quebrou a liturgia do cargo ou, na linguagem teatral, colocou belos "cacos" para reforçar as reverências a nossa Palma de Ouro, em Cannes, nos anos 60: "Dona Ruth de Souza, uma referência! Quanta honra!" Entendeu, agora, o link com José do Patrocínio?
Sim? Não? Pelo sim, pelo não, os apresentadores mexeram com nossos corações ao convidar ninguém menos do que a bailarina clássica MERCEDES BATISTA. Cadeira de rodas em movimento, eis que La Batista se comove ao encontrar a velha amiga:
- Rutinha! A Ruth está aqui!. Ruth minha amiga de infância! Você se lembra dos nossos passeios? Lembra-se dos nossos deliciosos sonhos? Deliciosos e enormes sonhos quando éramos crianças?

Ruth de Souza, iluminada, sorria, intercambiando luz com Mercedes Batista com total cumplicidade de um lotado João Caetano. Obrigado Carmen Luz!!!!
Arrebatados, os convidados para ceia da Camélia da Liberdade tiveram um baque atrás do outro. Afinal, depois das aulas de sabedoria de Mercedes Batista, via telão, sucecedeu-se um desfile de valores religiosos (Mãe Mabeji, Ogã Bangbala), sociais (Maria Inês da Silva Barbosa – Programa Gênero e Raça das Nações Unidas), literários (CONCEIÇÃO EVARISTO), pedagógicos (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE GOIÁS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) e empresariais (PRÊMIO INCENTIVO ESSO). O Professor Ivanir dos Santos, porém, abrira os trabalhos historiando a trajetória político-cultural do Ceap. Como a lista é enorme, vamos ficar com os atuais: O RAPPA, CIDADE NEGRA, MV BILL, AFRO-REGGAE. O Ceap não foi incubadora só para estes artistas, a casa também serviu de berçário, ninho e creche para várias organizações não governamentais, geradas no Centro de Articulações de Populações Marginalizadas.


Show de coerência!
Na seqüência surgem os bailarinos-voadores da Cia. Étnica de Teatro e Dança. Carmen Luz, durante os ensaios, inflava a auto-estima dos meninos e meninas: - Quase não ensaiamos. Somos a Cia. Ética, não somos bagunça. Vamos fazer nosso melhor. Vamos nos doar e nos entregar na apresentação desta noite. Os bailarinos seguiram à risca as recomendações da diretora. Resultado: uma chuva de APLAUSOS!
Na cola, pano rápido: roadies em ação, walk-talk, comunicação e UAU!!!! Lá vem BNEGÃO rasgando, riscando e grafitando o desenho hipnótico do iluminador Djalma Amaral.
Ex-Farofa Carioca, BNEGÃO descarregou uma sonoridade futurista, processada a partir da mais autêntica e tradicional black-music. Que Farofa, que nada! O nome dele é sincretismo, miscigenação, mestiçagem, brasilidade... O nome dele é AFRICAN- DIAPORIC WORLD MUSIC!
A adrelanina mexeu com a pressão dos músicos e das atrações seguintes. A prova foram os instrumentistas de BNEGÃO sacolejando ao som da pesada percussão do Congo do Grupo Para-folclórico (o que é isto?) Mirim da Ilha. A bateção de cabeças coroou o peso do congo do Espírito Santo.

Demorô!!! Logo, logo o rufar dos tambores capixabas invadiu o camarim de Leci Brandão... Milagrosamente, o Congo despachou a indisposição física da compositora mangueirense.
E aí, irmão, foi aquilo: "É SOM DE PRETO. É SOM DE FAVELADO. MAS QUANDO TOCA NINGUÉM FICA PARADO".


Seu Xangô da Mangueira,
Sei que seu apelido não tem origem nos terreiros de Candomblé. Sei também que o senhor é compositor, cantor, jongueiro, calangueiro, improvisador e versador, mestre do partido-alto. Sei que o senhor nasceu no Estácio, em 19 de janeiro de 1923. Desfilou pela Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda, em 1935 e passou pela Portela. Mas se firmou na Mangueira, que foi 7 vezes campeã sob sua direção. Na década de 1960, foi muito solicitado a participar de shows em teatros no Rio de Janeiro. Por essa época, participou diversas vezes da roda de samba no Teatro Opinião. No ano de 1968, foi um dos fundadores do Conselho Superior de Escolas de Samba.
Sabemos também que o senhor escreveu, entre outras pérolas:
Carolina, meu bem
• Divergência (c/ Zagaia e Quincas do Cavaco)
• Formiguinha pequenina
• Isso não são horas (c/ Catoni e Chiquinho)
• Lá vem ela
• Moro na roça (c/ Zagaia)
• No tempo dos mil-réis (c/ Sidney da Conceição)
• O namoro de Maria (c/ Aniceto do Império) (www.dicionariompb.com.br).


Daí, nossa Leci Brandão homenageia Cartola, Paulinho da Viola, Silas de Oliveira e o Ceap confecciona um tapete de CAMÉLIAS DA LIBERDADE para o Mestre Xangô.


APLAUSOS para Leci, para o Ceap, para Maitê, para Ivanir, para Carmen , para os Professores Eduardo Silva, Helena Theodoro, Vanda Ferreira, Eliane Borges, Zulu Araújo, Carlos Guimarães, Rosilene Torquato, Antonio Pompeo, Israel Evangelista e para a comunidade negra que encheu de orgulho nossos mestres como OLIVÉRIO FERREIRA e JOSÉ DO PATROCÍNIO...

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Quem é Mauro Vianna?

Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Nota Preta: Projeto República do Samba destaca cultura brasileira

A cultura brasileira é a protagonista no República do Samba, há 9 anos no Museu da República, no Rio de Janeiro. Com palestras, exposições fotográficas digitais e música, o projeto promove a integração de três gerações da cultura do samba, trazendo a história dos precursores, um convidado da noite e um novo talento.

Mulher do Caribe e da América Latina, dia 4 de julho. As atrações serão Tonho de Rocha Miranda e a Cia. de Dança Corp'Afro cuja coreógrafa é a baiana, egresssa do Olodum, Eliete Miranda. O jornalístico-cultural acontece toda primeira sexta-feira do mês, às 19h no auditório Apolônio Cavalho do Museu da República.


Acervo:
Idealizado e produzido pelo jornalista Mauro Viana, o República do Samba é um projeto jornalístico-cultural pensado para montar um acervo cultural. "Este acervo é fonte para publicação de livros, CDs, programas de televisão e de rádio, site, documentários", afirma Viana. Além disso, o convite de jovens talentos das universidades tem o objetivo de ampliar a visibilidade da cultura brasileira na mídia e no mercado. "O projeto é a porta de entrada para que jovens ingressem no mercado", observa Viana. O público do República do Samba é bem variado. De acordo com Viana, na platéia encontram-se pesquisadores, intelectuais, produtores culturais, artistas, estudantes e muitos estrangeiros. Para realizar o programa, pesquisas são feitas em todo o Estado do Rio de Janeiro. O República do Samba, com este nome é realizado desde 2003, mas a sua origem vem de muito antes, pois é um desdobramento do projeto "Afro-Talk-Vídeo", que começou em 1999. O trabalho consistia em gravar depoimentos de ativistas negros. A filosofa Helena Theodoro, o Teórico da Comunicação Muniz Sodré, a biógrafa de Cartola, Marília Trindade Barboza, o escritor Nei Lopes e a atriz Zezé Motta já gravaram depoimentos para a série. E mais: Zózimo Bulbul, Iléa Ferraz, Léa Garcia, Ruth de Souza, Zeca Ligièro (teatro) e muitos outros. O Talk-Vídeo é filho do programa de televisão brasileira, "Awo-Dudu". O programa era transmitido pela TV Educativa do Rio.


Mistura musical

Mas o Museu da República abraçou a idéia do projeto, que começou em 2001, com a cultura da América do Sul como tema central. Depois, o projeto passou a focar o segmento musical, abrangendo vários ritmos, como: reggae, soul, ska, zouki, samba, fado, tango, rumba, candombe, salsa. Em 2003, o público optou pelo samba e o trabalho ganhou o nome de República do Samba. Viana também é pesquisador da cultura afro-brasileira e tem expandido a cultura brasileira para fora do país. "Na Nova Zelândia temos uma co-produção de um documentário sobre a questão racial no Brasil. Nos Estados Unidos, estamos co-produzindo um documentário sobre os grupos de Velhas Guardas das escolas de samba do Rio de Janeiro", conta o jornalista. Além disso, Viana disse que finalizou o roteiro de República do Samba TV, que será uma série dividida em 22 episódios temáticos.


SERVIÇO:
REPÚBLICA DO SAMBA - MEIO AMBIENTE
COM SAMBA DO MARANHÃO E OFICINA DE SOTAQUES
Participação especial: GRUPO PRIMITUDE
Quando: 06 de junho as 19h30
Onde: Museu da República (R.do Catete, 153 /Tel:3235-2650)
www.museudarepulica.org.br

&
DARCY MARAVILHA

Mulher Negra do Caribe e da América Latina
CIA. de DANÇA CORP'AFRO em HERANÇAS & CONQUISTAS
Direção e coreografia: Eliete Miranda
Quando: 04 de julho as 19h30
Onde: Museu da República (R.do Catete, 153 /Tel:3235-2650)
www.museudarepulica.org.br

ENTRADA FRANCA
T
oda primeira sexta-feira do mês, às 19h
no auditório Apolônio Cavalho do Museu da República

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Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

NotaPreta: As várias formas de samba por Mauro Vianna

A Discografia da Música Popular Brasileira registra 54 denominações de sambas


Você já ouviu falar em samba-rock? Já dançou samba-rock? Já dançou o samba-dolente? E o samba-rasgado? Ah, sim, não podemos esquecer do samba-reggae. Samba de terreiro, claro, todos nós o conhecemos. Mas o que é mesmo samba de terreiro? Seria o samba-enredo uma síntese de tudo isso? Com a palavra os Mestres e Doutores do Samba:

A professora Marilia Trindade Barboza, por exemplo, (autora de biografias de Cartola, Paulo da Portela, Silas de Oliveira, entre outras) fez a seguinte análise sobre a bossa-nova como uma forma de samba com influências jazzísticas cujos artífices seriam Tom Jobim e João Gilberto:

"Tom Jobim disse que suas maiores influências foram francesas, de Debussy e Ravel. São esses os pilares de sua obra , que se traduziu no tipo de samba conhecido como bossa-nova. O jazz também sofreu essas influências. Já João Gilberto criou um estilo de tocar e cantar que abandonou a percussão africana, o baixo cantante do violão e a o "bel canto" popular, encontrado nas interpretações de Chico Alves e Orlando Silva, substituindo tudo por um estilo intimista, clean, muito mais identificado com as elites do que com as massas".

O advogado, compositor, cantor, escritor e pesquisador Nei Lopes, por sua vez, lembra que no "quesito Bossa-Nova temos de a obrigação de reconhecer a importância do Tamba Trio, Johnny Alf e João Donato".

Voltando no tempo, ouçamos a professora Graziela Salomão sobre canto e dança populares no Brasil do século XVIII. "Samba, gênero descendente do lundu, começou como dança de roda originada em Angola e trazida pelos escravos, principalmente para a região da Bahia".

Lundu e modinha, matrizes da MPB

Bem, já deu para perceber que estamos em plena sala de bate-papos da Guerrilha Aberta, cujo mais novo convidado é o produtor-pesquisador Haroldo Costa. (Ele fez aniversário no dia 13 de maio. PARABÉNS). Ele concorda, em parte, com a pesquisadora Graziela. Por quê?

- Porque aprofundei este tema na abertura do meu livro Na Cadência do Samba. A discordância é sobre o destino dos angolanos que, majoritariamente, vierem para o Rio de Janeiro.

Questões no ar, polêmicas no ciberespaço. Para evitar qualquer dano, a teia mundial, entra em cena a figura do mediador. Ele coloca a questão e os nossos convidados fazem suas colocações. Haroldo Costa e Graziela Salomão, por exemplo, têm opiniões diferentes quanto ao destino dos negros angolanos. Qual será a posição de Marilia Barboza?

"Alguns ajustes fazem-se necessários para não se misturar às estações", afirma ela.

A definição de lundu está perfeita (lundu e modinha, ambos do século XVIII, são as duas grandes matrizes da música popular brasileira). Mas a trajetória do samba é outra.

- O samba é o próprio batuque-angola-conguense - continua Marília Barboza - do qual saiu o lundu, que é produto da introdução de elementos lusos na rítmica do batuque original. Esse mesmo batuque, presente nas cerimônias religiosas de origem banta, ao receber letra profana, tornaram-se o que hoje chamamos de "samba" e, segundo testemunho dos próprios pioneiros do gênero (como Carlos Cachaça) era sinônimo de macumba e foi levado para a Mangueira por Mano Elói (Elói Antero Dias), patriarca da Serrinha vindo do Vale do Paraíba, interior do Rio de Janeiro. Este fato está consignado em inúmeras letras de sambas da época. O samba da Bahia é outra coisa. Mestre Nei Lopes, por favor:

- O nome "samba" designava várias danças aparentadas, surgidas sincronicamente em vários pontos do país. E o "lundu" pode ser considerado um tipo de samba.

Uma vez no Chat, Nei Lopes emenda a questão de compositores como Dorival Caymmi, Batatinha, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues e suas contribuições à consolidação do samba como identidade nacional.

Para o sambista de Irajá," o samba se consolidou como símbolo da identidade nacional, ali, pelos anos 30. E aí, dessa época, atuante mesmo, só Caymmi".

A professora Graziela retoma o tema Bossa Nova. Ela destaca a influência da cultura musical americana nas harmonias de João Gilberto e Tom Jobim. O teclado é seu, Haroldo Costa:

- É uma impropriedade dizer que Bossa Nova não é samba. A música símbolo do movimento é Chega de Saudade, inegavelmente, no ritmo do samba. Tons Jobim e Vinicius fizeram Só Danço Samba Carlinhos Lira satirizou os que carregaram na tinta com a Influência do Jazz. Não há duvida que as harmonias são mais sofisticadas e pode-se notar a influência dos impressionistas como Debussy, por exemplo.

Há estudos, pesquisas, tese, livros que desenham uma corrente da Bossa-Nova, digamos, mais popular. Segundos estes os estudiosos, houve um racha encabeçado por Baden Powell e Vinícius de Moraes criadores do afro-sambas.

E hora de Marilia Barboza reproduzir a fala do grande Baden:

- Ele afirmou que, nos afro-sambas, o que era afro eram as letras, utilizando a temática negra, produto do momento político em que surgiram. Porque a música e o ritmo dos sambas já eram afros antes de terem esse nome. Repare no reforço de Nei Lopes O que é um "afro-samba?

- O que se utiliza temas de candomblé e capoeira? Então, Edu Lobo e outros também fizeram afro-sambas. O que houve de dissidência foi uma corrente, Carlos Lyra à frente, que optou por temas sociais em vez do lirismo puro e simples.

Senhor mediador, qual e a próxima questão?

Uma corrente mais popular faria ressurgir o samba tradicional do morro no final da década de 60 nas vozes de Cartola, Nelson Cavaquinho e, mais adiante, Candeia, Chico Buarque de Holanda e Paulinho da Viola. Este mesclou o estilo ao choro e se transformaria em um ícone do samba tradicional para a corrente mais vanguardista até hoje. Correto?

Haroldo Costa:

- O samba é um ritmo mutante que se apresenta em várias categorias. O choro é esta riqueza que nós conhecemos. Sempre houve, e tudo indica que haverá sempre, cantores e compositores que enriquecerão estes dois gêneros intrinsecamente cariocas. Corte rápido, Nei Lopes:

- É mais ou menos isso, sim. Mas o samba tradicional sempre esteve junto com o choro, sempre foi acompanhado de violões, cavaquinho, pandeiro, flauta. Eu ouso dizer que o choro, ainda mais quando rápido ("chorinho") sempre foi uma forma de tocar samba.

Já Marilia Barboza interpreta, assim, a questão: “samba de morro, que era o ponto de macumba com letra profana, era acompanhado, no seu começo, apenas por percussão.Num segundo momento, nas próprias comunidades, foram surgindo um violão aqui, um cavaquinho ali. Mas somente com o rádio e a gravação de discos é que o conjunto regional (flauta, cavaquinho, dois violões e um pandeiro) passou a acompanhar os sambas. Paulinho da Viola, filho de César Faria, membro do famoso conjunto Época de Ouro, cujo líder era Jacob do Bandolim, desde criança conviveu com o choro. Esse convívio, aliado a um talento ímpar, tornou seu samba mais sofisticado e, por conseguinte, mais palatável àqueles que identificavam o samba tradicional do morro como música rude e de pouca qualidade”.

Lacônica, a professora Marilia Barboza analisa as várias formas de sistematização do gênero (samba-reggae, samba-pop) como inevitáveis produtos da aldeia global, da globalização, da miscigenação musical que nos envolve e, às vezes, até afoga. A diversidade do samba, contudo, e fato, e unanimidade entre nossos mestres.


Bossa Nova, nada mais que samba

Professora Marilia quais seriam, então, as várias formas de samba?

- Segundo a Discografia da Música Popular Brasileira, em 78 rotações, nas etiquetas de discos existem 54 denominações de sub-gêneros do samba, algumas que decididamente não são sambas, como o "Pelo Telefone", de Donga e Mauro de Almeida, assim como todos os de Sinhô, que são maxixes com letra. Outras, totalmente destituídas de valor musicológico, como samba semifilosófico ou samba humorístico. Mas há alguns sub-gêneros que são bem caracterizados. Do grupo de sambas de raiz, temos o samba de terreiro, o partido alto, o samba-enredo, o pagode; já na linhagem do samba de rádio, temos o samba-choro, o samba de breque, a samba-exaltação, o samba bossa-nova.

Haroldo Costa lembra que Jorge Benjor é autor de um dos maiores na emergência da bossa nova um samba intitulado Mas Que Nada, que popularizou Sérgio Mendes no mundo inteiro. O samba sempre teve sobrenomes: canção, jongo, exaltação, e nunca deixou de ser samba. Quanto às varias formas de samba, resume-se em todos que têm o compasso 2/4. “No futuro o samba pode adotar várias configurações como seu primo-irmão, o jazz. Ele se reinventa sem perder a originalidade”.

Antes de sair da sala, Nei Lopes ressalta que todas as formas são formas de samba. Para ele, a relação vai do samba-de-roda da Bahia até o "baba" (meio Iê-Iê-Iê, meio sertanejo) dos raças-negras da vida. Sobre as fusões do samba no futuro, diz ele: "Dependendo do que o mercado quiser, do que as escolas de samba resolverem "inventar" pra incrementar aquele show cada vez mais pobre musicalmente. E da reação que isso tudo suscitar. Cada vez que o samba comercial vai ficando chato, o povão inventa um samba legal. Isso é imprevisível. Pode até voltar tudo como era. Se puderem, ouçam o novo CD da Velha-Guarda do Império Serrano. São tantas as possibilidades. O samba é fogo, não é Marilia?

- Fogo é pouco Nei. O que se pode observar é que o samba cada vez mais demonstra a sua vitalidade e capacidade de adaptar-se a todos os momentos, a todas as temáticas. Por algum tempo, pode parecer adormecido e, de repente, surgir forte como a Fênix renascida. Hoje, cada vez caem mais fortemente as barreiras que confundiam o social com o artístico. Se Nelson Cavaquinho era o sambista do povão e Paulinho da Viola agradava às elites, hoje, Zeca Pagodinho é tão unanimidade quanto Chico Buarque de Holanda. E constatamos com alegria a disseminação do samba-enredo "pelos quatro cantos do universo" (só Portugal tem 38 escolas de samba). O samba é o segundo hino da nossa nação. Aliás, um verdadeiro milagre: mesmo num momento em que o Brasil vive situações tão dramáticas nos setores da política, da segurança, da justiça social, é a classe menos favorecida que nos presenteia com o melhor produto de exportação, gerador da melhor imagem que o país apresenta lá fora: a nossa música popular, o nosso samba.


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Quem é Mauro Vianna?

Jornalista e Produtor Cultural, (República do Samba, Café de Bambas, Centenário de Carlos Cachaça, Zé Ketty Vive, Darcy da Mangueira, 70 anos, Ismael do Estácio apresenta os seguintes projetos para o biênio 2007/2008: livro, video-documentário e shows.