O entrevistado dessa edição, é um cidadão brasileiro, que segundo ele próprio: "cidadão não é aquele que vive em sociedade, mas aquele que tudo faz para transformá-la em algo melhor, para humanizar a Humanidade". Ele também é fundador e diretor do Teatro do Oprimido e está indicado como Prêmio Nobel da Paz.
Com vocês: Agusto Boal!!!
Com vocês: Agusto Boal!!!
Guerrilha Aberta: Quando você começou com a o trabalho do Teatro do Oprimido, você enfrentou muitas resistências, principalmente no Brasil? Como você soube lidar com elas?
Agusto Boal: Fui em frente. Quando se tem certeza de alguma coisa, quando não falta entusiasmo, adversidades estimulam a fazer sempre mais e melhor. Foi o que fiz.
GA: O Teatro do Oprimido constroi espetáculos participativos, onde se escolhe um problema, chama os próprios atores da história, sobre o ponto de vista de um oprimido e do seu opressor Boal: Sobre o ponto de vista dos oprimidos e não dos seus inimigos. O TO é um teatro que se colaca decidida e inteiramente contra a opressão ao lado dos que a sofrem.
GA: Só que na hora de resolver o problema, a audiência participa, assumindo o lugar dos personagens e construindo o roteiro instantaneamente
Boal: Buscando alternativas libertadoras!!!
GA: Já teve alguma vez, que isso não funcionou?
Boal: Funciona sempre, mais ou menos, mas sempre. Quase sempre mais.
GA: Como se lida com a situação de não funcionar, afim de atingir a catarse e emoção da obra de arte?
Boal: Catarse em Aristóteles significava esvaziar a platéia de suas tendências transformadoras da sociedade: e, moreno, alívio das suas dores; no TO, a única catarse que queremos (sendo catarse a eliminação de algo) é eliminar o medo e estimular a coragem de mudar!
GA: Você desenvolve esse trabalho no Brasil e na Afríca, com ajuda do Ministério da Cultura e do projeto Cultura Viva, sendo indicado ao prêmio Nobel da Paz 2008. Como você avalia esse intercâmbio cultural entre Brasil e Africa e na sua opnião, como a arte pode transformar o sujeito a partir da sua origem, contrariando o ditado popular: "O rei perde o trono, mas não perde o hábito"?
Boal: Nós trabalhamos no Brasil, na África e em vários outros países do mundo inteiro (Américas, Ásia, Europa...), mas trabalhamos apenas com os oprimidos desses países e sempre como força estética de apoio. O que buscamos é o fortalecimento dos oprimidos e a expansão dos seus conhecimentos da realidade social. Neste momento estamos trabalhando intensivamento o projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto, este sim com atuação em oito pólos no Brasil e dois pólos na África, com o apoio do programa Cultura Viva do MinC.
GA: Você considera que o trabalho do Teatro do Oprimido poderia ser colocado como política pública na área de educação e cultura, em escolas, para auxiliar o trabalho de aprendizado e participação social.
Boal: É isso que desejo mais ardentemente com a certeza dos imensos benefícios humanisticos, estéticos e artísticos que isso raria a todos. Eu retornei do exílio político, em 1986, voltei a convite do Darcy ribeiro para trabalhar com as técnicas do Teatro do Oprimido nos Cieps. Infelizmente quando mudou o governo, aquele que assumiu não quis continuar o que estávamos fazendo...
GA: Assim como recentemente a terapia comunitária foi inserido como política pública na área de sáude para ajudar a prevenir doenças em áreas rurais e com pouca infra-estrutura social, onde a medicina tradicional não é muito eficaz?
Boal: Nós trabalhamos também na Saúde Mental, nos CAPS, com o apoio do Ministério da Saúde. Tentamos ajudar sabendo, como sabemos, que existem superposições entre as DFormas Delirantes da Arte e os Delºirios Patológicos. Com juntá-los? É nossa pesquisa.
GA: Já existe alguma coisa sendo feita para isso ser implementado?
Boal: Através dos nossos programas apoiados pelo governo: TO Nas Escolas (Escola Viva), TO na Saúde Mental, TO nos Pontos de Cultura além de muitas intevenções mais pontuais.
GA: Conversando com muitos artistas, chegamos a uma conclusão de que: "a arte está acima de tudo, inclusive da política", Você concorda com essa afirmação?
Boal: De jeito nenhum. A Estética (o Pensamento Sensível) é primogênito e genitor do Pensamento Simbólico das palavras. Nesse sentido, a Estética é a primeira forma de comunicação e de compreeensão do ser humano no mundo. A Política, ou seja, o relacionamento dos seres humanos na Pólis, e a Estética são formas de vida simultãneas e conjugadas. Uma não pode viver sem a outra. Ética, Estética e Política são uma tríade eminentemente humana e uma não pode viver sem a outra.
GA: Finalizando, para que você, o que é ser artista?
Boal: É ser humano.
Agusto Boal: Fui em frente. Quando se tem certeza de alguma coisa, quando não falta entusiasmo, adversidades estimulam a fazer sempre mais e melhor. Foi o que fiz.
GA: O Teatro do Oprimido constroi espetáculos participativos, onde se escolhe um problema, chama os próprios atores da história, sobre o ponto de vista de um oprimido e do seu opressor Boal: Sobre o ponto de vista dos oprimidos e não dos seus inimigos. O TO é um teatro que se colaca decidida e inteiramente contra a opressão ao lado dos que a sofrem.
GA: Só que na hora de resolver o problema, a audiência participa, assumindo o lugar dos personagens e construindo o roteiro instantaneamente
Boal: Buscando alternativas libertadoras!!!
GA: Já teve alguma vez, que isso não funcionou?
Boal: Funciona sempre, mais ou menos, mas sempre. Quase sempre mais.
GA: Como se lida com a situação de não funcionar, afim de atingir a catarse e emoção da obra de arte?
Boal: Catarse em Aristóteles significava esvaziar a platéia de suas tendências transformadoras da sociedade: e, moreno, alívio das suas dores; no TO, a única catarse que queremos (sendo catarse a eliminação de algo) é eliminar o medo e estimular a coragem de mudar!
GA: Você desenvolve esse trabalho no Brasil e na Afríca, com ajuda do Ministério da Cultura e do projeto Cultura Viva, sendo indicado ao prêmio Nobel da Paz 2008. Como você avalia esse intercâmbio cultural entre Brasil e Africa e na sua opnião, como a arte pode transformar o sujeito a partir da sua origem, contrariando o ditado popular: "O rei perde o trono, mas não perde o hábito"?
Boal: Nós trabalhamos no Brasil, na África e em vários outros países do mundo inteiro (Américas, Ásia, Europa...), mas trabalhamos apenas com os oprimidos desses países e sempre como força estética de apoio. O que buscamos é o fortalecimento dos oprimidos e a expansão dos seus conhecimentos da realidade social. Neste momento estamos trabalhando intensivamento o projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto, este sim com atuação em oito pólos no Brasil e dois pólos na África, com o apoio do programa Cultura Viva do MinC.
GA: Você considera que o trabalho do Teatro do Oprimido poderia ser colocado como política pública na área de educação e cultura, em escolas, para auxiliar o trabalho de aprendizado e participação social.
Boal: É isso que desejo mais ardentemente com a certeza dos imensos benefícios humanisticos, estéticos e artísticos que isso raria a todos. Eu retornei do exílio político, em 1986, voltei a convite do Darcy ribeiro para trabalhar com as técnicas do Teatro do Oprimido nos Cieps. Infelizmente quando mudou o governo, aquele que assumiu não quis continuar o que estávamos fazendo...
GA: Assim como recentemente a terapia comunitária foi inserido como política pública na área de sáude para ajudar a prevenir doenças em áreas rurais e com pouca infra-estrutura social, onde a medicina tradicional não é muito eficaz?
Boal: Nós trabalhamos também na Saúde Mental, nos CAPS, com o apoio do Ministério da Saúde. Tentamos ajudar sabendo, como sabemos, que existem superposições entre as DFormas Delirantes da Arte e os Delºirios Patológicos. Com juntá-los? É nossa pesquisa.
GA: Já existe alguma coisa sendo feita para isso ser implementado?
Boal: Através dos nossos programas apoiados pelo governo: TO Nas Escolas (Escola Viva), TO na Saúde Mental, TO nos Pontos de Cultura além de muitas intevenções mais pontuais.
GA: Conversando com muitos artistas, chegamos a uma conclusão de que: "a arte está acima de tudo, inclusive da política", Você concorda com essa afirmação?
Boal: De jeito nenhum. A Estética (o Pensamento Sensível) é primogênito e genitor do Pensamento Simbólico das palavras. Nesse sentido, a Estética é a primeira forma de comunicação e de compreeensão do ser humano no mundo. A Política, ou seja, o relacionamento dos seres humanos na Pólis, e a Estética são formas de vida simultãneas e conjugadas. Uma não pode viver sem a outra. Ética, Estética e Política são uma tríade eminentemente humana e uma não pode viver sem a outra.
GA: Finalizando, para que você, o que é ser artista?
Boal: É ser humano.
3 comentários:
admiro o trabalho dele. Vc q fez a entrevista,Vinícius?
Foi eu sim,
Eu também, admiro muito o trabalho, pelo menos o pouco que eu conheço.
Beijos!
Adorei a entrvista com o Boal! Será que posso registra-la em minha monografia?
Ah! Será que vc pode fazer uma entrevista com o Amir Hadad (Grupo Tá na Rua) ele também é excelente!!!
Parabéns, pela revista eletrônica! Informação cultural faz bem a alma e ao coração.
Abraço,
Edivanda
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